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03/Set/2020

Bolsonaro diz que ''Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina''

Lei sancionada pelo presidente em fevereiro prevê que autoridades podem determinar ‘para enfrentamento da Covid-19, a realização compulsória de vacinação e outras medidas profiláticas’.

Uma declaração do presidente Jair Bolsonaro provocou críticas de pesquisadores. Especialmente depois que a Secretaria de Comunicação da Presidência da República repetiu a afirmação em uma peça publicitária.

A fala do presidente foi na porta do Palácio da Alvorada, na segunda-feira à noite (31). Ao ser abordado por uma mulher que se identificou como profissional da área de saúde, Bolsonaro disse: “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina.”

Nesta terça (1º), a Secretaria de Comunicação da Presidência reproduziu a frase do presidente em uma rede social com a seguinte mensagem: "o governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros."

Na manhã desta quarta (2), questionado sobre a declaração de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, amenizou o tom.

“Presidente assinou um decreto, acho que foi em fevereiro, regulamentando essa questão da vacina. Mas você não consegue agarrar todo mundo pelo braço e dizer: ‘vai tomar vacina’. Vai cobrar cartão de vacina de todo mundo? O camarada vai transitar na rua, 'cadê seu cartão de vacina?' Então foi isso que ele quis dizer. não foi nada de mais nisso aí”, disse Hamilton Mourão, vice-presidente da República.

A lei sancionada pelo presidente em fevereiro prevê que as autoridades podem determinar, "para enfrentamento da Covid-19, a realização compulsória de vacinação e outras medidas profiláticas”; e que "o descumprimento delas acarretará responsabilização, nos termos previstos em lei.” O Estatuto da Criança e do Adolescente também determina que os responsáveis pelos menores de idade são obrigados a vaciná-los.

No fim da tarde desta quarta, a Secretaria de Comunicação voltou a defender o ponto de vista de Bolsonaro.

"Pesquisas revelam que cerca de 90% dos brasileiros tomarão vacina contra a Covid-19. Assim, o governo federal estabeleceu parcerias e investirá pesado pela vacina. Porém o Brasil é uma democracia, o governo é liberal e seu Presidente não é um tirano", afirmou.

Entidades e pesquisadores da área de saúde criticaram a declaração do presidente Jair Bolsonaro. Especialistas destacam que o governo tem um papel vital no convencimento da população, de cada um, sobre a importância da vacinação. A Sociedade Brasileira de Infectologia vai além: afirma que é dever das autoridades públicas e dos profissionais da saúde conscientizar a todos.

“O nosso sistema de imunização é reconhecido internacionalmente. Nós temos vacinas, as principais vacinas para proteger a nossa população nas diversas faixas etárias. E agora nós estamos bastante ansiosos pela vacina contra o Covid; e a gente sabe que a maior parte da população vai precisar fazer essa vacina, porque a gente precisa de uma alta cobertura vacinal para que a gente tenha a maior parte da população protegida”, explica Lessandra Michelin, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A Sociedade Brasileira de Imunizações reforça que as vacinas contribuíram de forma inquestionável para o aumento da qualidade de vida e redução da mortalidade.

“A poliomielite, o último caso dela no Brasil foi em 1989, mas a doença ainda circula no mundo. Se nós não tivermos coberturas vacinais adequadas, essa doença pode voltar. Nós temos uma doença erradicada por vacina, que é a varíola. Então esses marcos para nós são muito importantes”, destaca Juarez Cunha, presidente Da Sociedade Brasileira de Imunizações.


Fonte: Notícia publicada no site G1/Globo em 02 de setembro de 2020.