Casos de diabetes devem crescer 85% na América do Sul
Nova York - A combinação entre obesidade e altas taxas de glicose no sangue está desencadeando uma epidemia de diabetes tipo 2 na população de todo o planeta, que atingirá 370 milhões de pessoas em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Hoje, 6% dos adultos sofrem da doença, que, ao contrário do que se imagina, provoca mais mortes do que todos os tipos de câncer. "Muitas pessoas ignoram que o diabetes mata mais que câncer e Aids juntos. Pensamos que é algo muito mais benigno, mas isso não é assim", ressalta Enrique Caballero, pesquisador do Joslin Diabetes Center, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard.
Diretor de um programa voltado à população latina no centro de pesquisas de diabetes, Caballero conta que, além dos hábitos que influenciam o surgimento da doença, como a obesidade e o sedentarismo, os latino-americanos têm uma predisposição genética e, por isso, precisam ficar mais atentos.
A melhor estratégia, afirma o especialista, ainda é a prevenção, com a adoção de uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos. Mas Caballero ressalta que é muito importante fazer exames periódicos, pois o diabetes é uma doença silenciosa, que pode demorar até 10 anos para começar a apresentar sinais físicos. "Apenas um terço dos portadores sabe que sofre do problema", conta.
Altos gastos
O especialista lembra que, entre as principais complicações da diabetes, estão os problemas cardiovasculares, principal causa de morte em todo o mundo. A doença, além provocar sérios danos à saúde dos pacientes, também tem sérias implicações econômicas. "Até 2025, estima-se que o número de casos na América do Sul sofra um aumento de 85% em comparação com os dados de 2003. Não há país do mundo que poderá enfrentar os gastos com a diabetes e suas complicações", alerta.
Se, antigamente, essa era considerada uma doença apenas de adultos, o estilo de vida moderno está fazendo com que crianças e jovens entrem para as estatísticas. "Isso está ligado principalmente à alimentação e à falta de exercícios. Hoje, as crianças não brincam mais na rua, ficam na frente do computador, comendo e ganhando peso", diz Caballero. De acordo com ele, o problema também está intimamente relacionado a questões sociais. "Diabetes e obesidade têm correlação com nível social e educacional. Pessoas com mais informação têm menos riscos de desenvolver a doença", afirma.