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Sem vagas para viciados em crack

05 de novembro de 2013
 
Falta de leitos é uma das maiores dificuldades que dependentes químicos enfrentam ao buscar tratamento na rede pública
 
Daniela Garcia
 
Brasília -- Aos 28 anos, o agente funerário Francisco dos Santos Malaquias deixou São José da Aliança (GO) rumo a Brasília. Decidido a se tratar da dependênica do crack, ele foi ao Centro de Atendimento Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps AD), na Rodoviária do Plano Piloto, e pediu ajuda. Mas foi informado de que não havia leitos disponíveis na capital do país. "Falaram comigo: ‘Volta amanhã. Hoje não temos vaga’", lembra.
 
Assim como Francisco, milhares de dependentes de crack querem se tratar, mas esbarram na dificuldade de encontrar leitos no Sistema Único de Saúde (SUS). Quem quiser se internar terá que disputar 3.702 vagas oferecidas pelo governo federal ou 56 mil mantidas pelo terceiro setor. O total de leitos é cinco vezes menor do que a necessidade da população de usuários do crack. Último levantamento do Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), encomendado pelos ministérios da Justiça e da Saúde, mostra que cerca de 300 mil dependentes que vivem nas capitais e no Distrito Federal desejam se tratar.
 
O agente funerário decidiu deixar o crack depois de perder tudo o que tinha na casa em que vivia com a mulher e a filha, em Goiás. "Eu cheguei ao fundo do poço. Vendi todas as coisas da minha casa para comprar droga", confessa. Com a ajuda financeira da mãe, Francisco levou a família para viver no Riacho Fundo II, enquanto procurava tratamento em Brasília. "Estou aqui desde junho. Só consegui uma vaga em 21 de setembro". O goiano foi aceito pelo Instituto Crescer, em Vicente Pires.
 
Atualmente, 1,8 mil comunidades terapêuticas oferecem 56 mil vagas de internação para dependentes químicos no Brasil. "Como pode as comunidades terapêuticas contarem com mais leitos do que o governo federal?", pergunta o presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil (Feteb), Wellington Vieira. Para ele, há uma "morosidade" nas ações do Programa Crack, É Possível Vencer, lançado pela presidente Dilma Rousseff em 2011. "A luta contra as drogas deveria entrar na agenda como uma prioridade. O crack está sendo tratado como um problema marginal."
 
A falta de leitos é uma das principais carências da rede de tratamento, admite o secretário de Atenção à Saúde Helvécio Magalhães. "Tanto reconheço essa dificuldade que estamos projetando crescer", diz. Até 2014, o Ministério da Saúde promete repassar recursos para que estados e municípios criem 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicação grave. Como estímulo, o valor da diária de internação crescerá 250% -- de R$ 57 para R$ 200. Ao todo, serão investidos R$ 670,6 milhões.
 
Especialista em tratamento de dependentes químicos, o psiquiatra Domingos Sávio Lage chama de "tímidas" as ações do governo. "Certamente, as autoridades ainda não acordaram para a magnitude do problema". Segundo ele, as vagas no SUS estão praticamente esgotadas para qualquer tipo de tratamento. Como medida de urgência, ele sugere que o Programa Crack, É Possível Vencer invista na capacitação das comunidades terapêuticas. "A qualidade dos leitos nessas entidades é muito inferior e precisa de investimentos tanto de estrutura quanto de capacitação profissional. A rede de tratamento deve estar apta a receber de imediato a internação dessa pessoa, pois ela não tem para onde ir, não tem emprego ou não tem familiares para cuidar dela", defende.
 
Fonte: Estado de Minas


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