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Os males de um transtorno esquecido

O assassinato do cineasta Eduardo Coutinho evidencia os perigos da esquizofrenia não tratada. A doença afeta cerca de 0,7% da população. Especialistas criticam a falta de tratamento adequado no SUS
 
LEANDRO KLEBER
 
A morte do cineasta Eduardo Coutinho, no domingo, supostamente assassinado a facadas pelo filho que sofre de esquizofrenia, colocou a doença mais uma vez em evidência. Psiquiatras dizem que é possível controlar o transtorno mental com tratamentos à base de medicamentos e acompanhamento psiquiátrico, principalmente se a doença for verificada precocemente. Mas o Estado, que disponibiliza os remédios por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda tem dificuldades para oferecer leitos e tratamento psiquiátrico aos pacientes. Cerca de 0,7% da população tem esquizofrenia, que atinge mais os homens. Os sintomas começam a aparecer entre a adolescência e a fase adulta e incluem alucinações, delírios e perda de vontade de realizar atividades diversas. Não existe cura para a doença, responsável por 25% das internações psiquiátricas, e ainda não se descobriu o que causa a enfermidade.
 
Em 2010, o cartunista Glauco e o filho Raoni foram mortos por tiros disparados por Carlos Eduardo Nunes, que também sofre de esquizofrenia. O quadro foi confirmado pela Justiça no ano seguinte à tragédia. Atualmente, não há leitos suficientes para internação de pacientes com surtos psicóticos, principalmente, nas grandes cidades brasileiras. O fechamento de centros de internação, mais conhecidos como grandes asilos, onde eram tratadas as pessoas com deficiência mental, muitas vezes de forma equivocada, diminuiu a quantidade de leitos específicos para surtos.
 
O controle da esquizofrenia envolve vários cuidados com o objetivo de suprir as necessidades clínicas, emocionais e sociais do indivíduo. O tratamento farmacológico é realizado com drogas antipsicóticas, oferecidas pelo SUS, mas os medicamentos são associados a eventos adversos que variam de acordo com o indivíduo e a substância. Entre 20% e 25% dos pacientes tratados com os antipsicóticos não demonstram resposta satisfatória, mesmo quando combinados a outras formas de tratamento psicológico e social, sendo refratários ou resistentes.
 
Banalização "Há vários níveis da doença. Mas, muitas vezes, as famílias só nos procuram quando o caso já está muito exacerbado e precisa da intervenção de um psiquiatra, e não somente de um psicólogo", explica Inês Gonçalves Goldberg, psicóloga clínica. Na opinião de Inês, ainda há muito trabalho a ser feito em relação às políticas públicas. "As pessoas banalizam as questões emocionais como a depressão e a esquizofrenia. O tratamento na rede pública é muito precário. Quem tem situação financeira mais favorável se beneficia. Só que, quando nos procuram, já está muito exacerbado. A família inteira adoece", afirma.
 
Ministério da Saúde afirmou que a política nacional para o atendimento a pessoas com transtornos psiquiátricos no SUS prevê a oferta de diferentes serviços (Centros de Atenção Psicossocial e hospitais gerais) e a redução progressiva de leitos psiquiátricos. "Nos últimos 11 anos, o número de leitos em manicômios caiu 44%. Paralelamente, a capacidade de atendimento em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) aumentou 100 vezes, passando de 400 mil (2002) em 424 CAPS, para 40 milhões (2014) em 2.046 CAPS no país", informou.
 
Fonte:  Correio Braziliense


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