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Mais cuidados com os rins do Brasil

17 de março de 2014
 
MARIA HELENA CAETANO
 
Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (Soben)
 
HÉLIO VIDA CASSI
 
Presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT)
 
RENATO PADILHA
 
Presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantado do Brasil (Fenapar)
 
 
As doenças renais vêm crescendo nos últimos anos. Os hábitos da vida moderna e o envelhecimento da população têm provocado a deterioração da função dos rins de milhares de brasileiros. Estima-se que entre 10 e 15 milhões de brasileiros apresentam algum grau de comprometimento desse órgão, elevando o número de pacientes em diálise no país, que já superou os 100 mil. Ao longo dos últimos 10 anos, a quantidade de pessoas com doença renal grave mais que dobrou. Assim, no mês de março, em que ocorre o Dia Mundial do Rim, faz-se um alerta para a prevenção, os cuidados adequados e o fortalecimento da rede de saúde para frear essas estatísticas.
 
 
O primeiro desafio é a manutenção de hábitos de vida saudáveis. O sal, o açúcar e as gorduras estão entre os principais responsáveis pela situação atual. É importante observar que mais da metade das pessoas com doenças renais graves são pacientes que tiveram complicações da diabetes e hipertensão, que atingem, respectivamente, 8% e 25% da população brasileira. Além do histórico familiar, engrossam os fatores de risco o excesso de peso, que alcança 50% dos brasileiros, o tabagismo, 18%, e o envelhecimento da população, 10%.
 
 
A alimentação adequada e o correto acompanhamento das doenças crônicas aliados à atividade física são fundamentais para a qualidade de vida e a preservação das funções renais. Uma das grandes barreiras no Brasil é a ainda detecção tardia da doença renal. A maior parcela dos pacientes descobre a enfermidade quando os rins já estão gravemente comprometidos. As doenças renais são silenciosas, apresentando seus primeiros sintomas somente quando mais de 50% do órgão está comprometido.
 
 
Nesse aspecto, é reforçada a necessidade de um sistema de saúde estruturado, que garanta o diagnóstico precoce da doença. A orientação da população para a presença de diabetes mellitus e hipertensão arterial, além da realização de exames de rotina, podem anunciar problemas nos rins, como o teste de sangue para creatinina e a detectação da presença de proteína ou sangue na urina. O correto acompanhamento desses pacientes permite a estabilização da doença em seus estágios iniciais, interrompendo o agravamento.
 
 
O governo federal ensaia o lançamento de uma política setorial, com base em consultas públicas do ano de 2013. A iniciativa deve fortalecer a prevenção e o tratamento precoce. A ação, no entanto, requer um olhar e revisão sobre a estrutura do sistema público para manter a sua sustentabilidade, sob o risco de o novo texto ficar apenas nas boas intenções. A política é bem-vinda e esperada, pois estudos nacionais mostram que a prevenção da doença renal crônica poderia reduzir o custo para o SUS em mais de R$ 1 bilhão ao ano e poupar a vida de mais de 27 mil brasileiros anualmente. O marco, isoladamente, não resolverá os desafios perseguidos pelos profissionais, gestores e pacientes das doenças renais.
 
 
A diálise peritoneal, feita em casa e diariamente, é utilizada somente por 6% dos pacientes, sendo que a experiência internacional mostra que, em média, de 20% a 30% da população em terapia renal substitutiva utiliza o método. O Ministério da Saúde admite que 90% poderiam utilizar a tecnologia, mas há 10 anos não concede reajuste à terapia -- no México, 80% dos pacientes estão em diálise peritoneal. Ainda, considerando que 100 mil pessoas estão em hemodiálise -- feita quarto vezes por semana em uma clínica -- ou diálise peritoneal atualmente, as prevalências de tratamento de países vizinhos mostram que, pelo menos, outras 40 mil pessoas não têm acesso aos serviços de saúde e devem morrer desassistidas pela rede pública. Finalmente, a desigualdade na distribuição nacional do suporte e da estrutura para o transplante causa sofrimento àqueles que precisam da cirurgia
 
 
No acesso ao tratamento, será preciso fortalecer a rede existente e ampliar o atendimento regional, para além dos centros urbanos, superando os entraves logísticos e adequando o financiamento. O modelo adotado até o momento está próximo do esgotamento. Na pauta, ainda se espera o debate sobre o adequado transporte de pacientes em diálise e uma política clara sobre invalidez e aposentadoria dos doentes renais. Os profissionais de saúde devem estar sensíveis e bem orientados sobre o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes.
 
 
O agravamento do cenário nacional traz a urgência de enfrentarmos esse problema. Queremos avançar em medidas que garantam a qualidade de vida da população e o correto acesso à rede de saúde. O mote que está sendo divulgado este ano é "Seja amigo do seu rim". Trata-se de uma ação intersetorial, envolvendo médicos, enfermeiros e pacientes. A ação é uma mostra da necessidade e da capacidade de serem construídas respostas conjuntas e sustentáveis para o setor.
 
Fonte: Folha de S. Paulo


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