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Sexo mesmo com câncer

17 de março de 2014
 
Arquivo Pessoal
 
Kátia Soares teve câncer de mama: "Tive momentos de ficar mais na minha, mas não deixei de fazer nada"
O aumento nas taxas de cura e sobrevida impulsiona abordagens em torno do bem-estar sexual durante o tratamento contra tumores. Médicos e pacientes, porém, pouco falam sobre o assunto durante as consultas
 
Valéria Mendes
 
 
Belo Horizonte -- O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o diagnóstico de 576 mil novos casos de câncer no Brasil neste ano. O tumor na pele será o mais incidente, com 182 mil ocorrências esperadas; o de próstata aparece em segundo lugar, com a expectativa de 69 mil doentes; e o de mama feminina em terceiro, devido à projeção de 57 mil. Cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil) vêm na sequência. Até 2030, são previstos mais 27 milhões de pacientes, baseado no fato de, na última década, a incidência mundial da doença ter crescido em 20%.
 
 
Os números não deixam dúvidas: mais do que nunca é preciso falar sobre câncer. Nesse cenário, abordar as formas de prevenção, os avanços da medicina e os tipos de tratamento são aspectos importantes que devem ser esmiuçados. Mas não só isso. Cada vez mais cresce o número de pacientes que convivem com a enfermidade por muitos anos. As taxas de cura crescem, mas também as de sobrevida. E discutir os vários aspectos que envolvem a qualidade de vida do indivíduo é fundamental, principalmente a sexualidade.
 
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o sexo é um dos quatro pilares da qualidade de vida. A abordagem desse tema no tratamento de câncer no Brasil ainda não é uma realidade, mas vem ganhando força. "O sexo é importante para o paciente com câncer na mesma magnitude que é para o paciente sem câncer. Porém, para que ocorra, é fundamental que o organismo (corpo e mente) esteja em condições", afirma Alexandro Chiari, oncologista da Oncomed BH. O especialista admite que, apesar da importância da vida sexual para o paciente -- e o(a) parceiro (a) --, a maioria dos médicos não aborda sistematicamente o impacto do câncer sobre a função sexual. "Problemas sexuais são geralmente negligenciados, a menos que o paciente seja assertivo em uma situação de crise", diz Chiari.
 
 
Segundo o oncologista, como primeiro passo, os médicos devem discutir o nível de atividade sexual do paciente antes do início do tratamento. "A consciência de problemas potenciais vai ajudar a pessoa a se adaptar às dificuldades após a o tratamento. A discussão anterior sobre sexualidade fornece uma base para comparação durante reavaliações. Quando são identificados problemas específicos, os médicos podem programar com sucesso intervenções que não exigem treinamento extensivo em terapia sexual", sugere.
 
Mais frequentes
 
São centenas os tipos de neoplasias e, de acordo com o oncologista, a vida sexual não é alterada em todos os tipos de câncer. "Depende da natureza biológica, da localização, da história natural da doença, do tratamento necessário. É fundamental a avaliação individualizada de cada caso", comenta. No entanto, em dois tipos muito frequentes -- tumores na mama e na próstata --, o paciente, em alguma etapa do tratamento, seja ele cirúrgico, seja sistêmico (quimioterapia ou hormonioterapia), passará por modificações orgânicas que vão influenciar no desempenho sexual, diz Chiari.
 
 
O oncologista observa que a avaliação e o apoio de um ginecologista e um sexólogo podem ser de grande importância para as mulheres com câncer de mama. "A disfunção sexual delas, na maioria dos casos, provém dos baixos níveis de estrogênio que ocorrem durante o tratamento, e a reposição desse hormônio é completamente contraindicada. Existem vários estudos na literatura científica que citam medicamentos com o objetivo de minimizar os efeitos dos antiestrogênicos, porém sem resultados satisfatórios", alerta.
 
 
Os problemas são intensificados pelo fato de a abordagem do sexo no tratamento do câncer não está consolidada no Brasil, avalia Solange Moraes Sanches. Segundo a oncologista do A.C. Camargo Centro de Câncer, em São Paulo, nos Estados Unidos já se fala em uma especialidade denominada oncosexology (oncossexologia, em tradução livre) para tratar as questões da sexualidade. "Durante muito tempo, os médicos tinham a vivência de pensar a pessoa com câncer como um paciente temporário. Determinadas questões que não apareciam 10 anos atrás agora são bastante atuais. Se algum médico ainda não pensa assim, tem de começar a pensar. E, se o paciente não toca no assunto, muitas vezes por inibição, é papel do especialista levantar esse tema nas consultas."
 
 
Sanches acrescenta que a questão sexual precisa ser abordada individualmente com orientações iniciais preventivas. "É preciso criar mecanismos de fortalecimento emocional para que o paciente possa exercer a sexualidade adaptada a sua condição atual, mas de forma bastante saudável", resume. Para ela, não se pode subestimar a questão da sexualidade principalmente em casos em que o tratamento é mais prolongado. "O suporte de outros especialistas, como o ginecologista, no caso de mulheres, e urologista, no de homens, é importante para tentar fazer com que a vida do indivíduo seja o mais normal possível", diz.
 
 
"Determinadas questões que não apareciam 10 anos atrás agora são bastante atuais. Se algum médico ainda não pensa assim, tem que começar a pensar. E, se o paciente não toca no assunto, muitas vezes por inibição, é papel do especialista levantar esse tema" Solange Moraes Sanches, oncologista
 
» Impactos
 
» O abalo emocional provocado pela descoberta da doença pode afetar a libido e a disposição sexual » Durante o tratamento, o paciente pode sentir mais cansaço e dores, passar por períodos de muito enjoo e de queda na resistência, ficar mais debilitado para a prática sexual » Os tratamentos anti-hormônios, tanto para homens quanto para as mulheres, provocam queda da libido. No caso deles, também diminuição da ereção e disfunção erétil. Elas sofrem com o ressecamento vaginal » Alguns procedimentos cirúrgicos abdominais e pélvicos podem danificar a enervação para os órgãos pélvicos, causando graus variáveis de disfunção erétil nos homens Fontes: Alexandre Chiari e Solange Sanches, oncologistas
 
Fonte: Correio Braziliense


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