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Uma arma inesperada

01 de julho de 2014
 
GUERRA IMUNOLÓGICA
 
Organismo de soropositivos produz proteína eficiente contra gripe A, abrindo porta para vacinas
 
Flávia Mihorance
 
Uma arma completamente inesperada contra a gripe foi encontrada no organismo de pessoas contaminadas pelo vírus HIV, causador da Aids. Embora os soropositivos tenham, em geral, um sistema imunológico comprometido, surpreendentemente são capazes de resistir à infecção pelo H1N1, que provoca a gripe A. A descoberta foi revelada numa pesquisa brasileira publicada na revista científica "PLoS ONE" e abre portas para o desenvolvimento de novas e mais eficientes vacinas.
 
Grávidas, idosos, crianças, diabéticos e pessoas com o sistema imunológico debilitado são os mais vulneráveis à severa infecção provocada pelo H1N1, vírus que foi descoberto na América do Norte e declarado pandemia global em 2009. O Brasil foi um dos principais afetados e, naquele ano, registrou mais de 45 mil casos e 600 mortes.
 
Pesquisador da Fiocruz e responsável pelo estudo, o virologista Thiago Moreno conta que as investigações começaram já em 2009, durante a própria pandemia. Na época, pacientes com baixa imunidade estiveram entre os casos mais graves da doença e tiveram alta mortalidade em todo o mundo. No entanto, muitos portadores de HIV apresentaram apenas sintomas leves.
 
 
- Diferentemente de pacientes com câncer e transplantados, que morreram mais, foi surpreendente notar que os com HIV tiveram mortalidade comparável à população em geral, ou seja, a doença foi benigna na maioria dos casos - comentou o pesquisador. - Achamos curioso aquilo, pensamos que talvez, para um vírus, fosse interessante que o organismo não fosse infectado por outros agentes.
 
MECANISMOS DE DEFESA ATIVADOS
 
Isso ocorria apenas entre pacientes que eram portadores do HIV, mas que não chegaram a desenvolver a Aids. Cabe lembrar que ter o vírus não é o mesmo que evoluir para a doença, que só se desenvolve quando (e se) se atinge um quadro imunodeprimido severo.
 
Os pesquisadores da Fiocruz sabiam que, na tentativa de combater o vírus da Aids, o organismo desses pacientes soropositivos mantém alguns mecanismos de defesa ativados. Ou seja, é como se o corpo humano e o vírus estivessem numa constante batalha. Durante esse processo, a pesquisa conseguiu identificar um significativo aumento na produção de proteínas chamadas fatores de restrição. Nesse grupo estão as moléculas IFITM3. E são elas as responsáveis por bloquear a multiplicação do HINI. Essa molécula, explica Moreno, impede que o material genético do vírus seja liberado no interior das células e, assim, interrompe seu ciclo de replicação.
 
- Embora o organismo não consiga vencer a infecção do HIV, o aumento na produção dessas moléculas garante forças na briga contra o H1N1 - exemplifica o pesquisador. - Essa molécula não impede que o vírus chegue ao organismo do soropositivo, mas consegue inibir a replicação da Influenza no indivíduo infectado. Com isso, a infecção tende a ser menos severa.
 
O estudo foi realizado basicamente com amostras laboratoriais de células infectadas tanto com HIV quanto com H1N1, coletadas desde 2009. A ideia é usar, em futuros estuEstudo foi realizado por cientistas brasileiros da Fiocruz, coordenados por Thiago Moreno (foto), e publicado na revista científica 'PLoS ONE' dos, partículas do HIV para induzir a mesma resposta de proteção, tendo, assim, um novo mecanismo para produzir vacinas mais eficientes contra a gripe A. Essa abordagem, no entanto, não seria implementada tão cedo.
 
Por enquanto, o controle da contaminação pelo H1N1 é acompanhado de perto pela Organização Mundial dEstudo foi realizado por cientistas brasileiros da Fiocruz, coordenados por Thiago Moreno (foto), e publicado na revista científica 'PLoS ONE' e Saúde (OMS), para evitar novas pandemias como a que ocorreu em 2009 e matou 18 mil pessoas no mundo, só naquele ano. Agora, o órgão estabelece parâmetros para a produção de novas vacinas anualmente, já que os vírus sofrem constante mutação e se tornam resistentes aos imunizantes.
 
No caso do Brasil, as campanhas de vacinação deste estão sendo frequentemente prorrogadas por conta da baixa adesão em algumas regiões. O imunizante que está sendo oferecipo de Influenza B.
 
Essa vacina tem eficácia de cerca de 60%. Em geral, isso também depende de fatores como idade e a imunidade do indivíduo. Idosos e crianças podem ter menos proteção do que os demais, por exemplo.
 
- Os vírus mudam geneticamente à medida que vão evoluindo, por isso que é preciso se vacinar todo ano - explica Flávia Bravo, coordenadora médica do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações. - Embora não haja um surto como o de 2009, o H1N1 continua circulando no nosso ambiente.
 
Até agora, este ano, foram registrados 30 casos e 14 mortes no Mato Grosso, segundo a Secretaria de Saúde do estado. Outros casos nos estados de Rondônia, Amazonas e São Paulo também foram contabilizados, mas nada ainda comparado ao surto de 2009. Segundo Flávia, o auge da atividade do Influenza A ainda está por vir.
 
- Ainda não começou a atividade do inverno de fato. Espero que seja mais tranquilo este anos, mas sei que houve irregularidades na cobertura vacinai, ela ficou aquém do que era esperado - afirma Flávia. - Infelizmente, a população funciona na base do medo. Então, como não há muitas notícias recentes de mortes, não houve pânico, a preocupação é menor.
 
RECEIO DE VÍRUS MORTAL
 
Segundo Flávia, o Hemisfério Norte, que já viveu o seu período de inverno, registrou mais casos do H3N2 do que do H1N1 este ano. A situação, segundo ela, pode se repetir no Brasil.
 
Os vírus da gripe que causam doenças em humanos são classificados como A e B, com vários subtipos. O caso do H1 Nl, do grupo A, é resultado da combinação de vírus humano, aviário e suíno. Por isso a doença chegou a ser chamada de gripe suína, nome que não é mais usado para identificá-la.
 
O receio de pesquisadores era que o vírus fosse tão mortal quanto o da gripe espanhola, causada por um tipo de H1N1 e que matou mais de 50 milhões de pessoas no início do século XX. O alerta, felizmente, não se confirmou.
 
Os sintomas do H1N1 são semelhantes aos de uma gripe severa: febre alta, dores musculares, tosse, cansaço etc. Também podem ocorrer vômito e diarréia. Existem testes laboratoriais, mas em geral, no Brasil, a maioria dos casos recebe diagnóstico clínico.
 
Além da vacina, prevenir-se do H1N1 é como evitar gripes comuns: o mais importante é lavar as mãos com frequência e evitar compartilhar objetos de uso pessoal.
 
Estudo foi realizado por cientistas brasileiros da Fiocruz, coordenados por Thiago Moreno (foto), e publicado na revista científica 'PLoS ONE'
 
Fonte: O Globo


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