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O SUS e o bode na sala

 
BODE ORELLANA
 
Autor: Flavio Goulart (Membro do Observatório da Saúde do DF)
 
Deu na mídia (ver link ao final deste texto) que uma pesquisa do Datafolha encomendada por entidades médicas revela que quase dois terços dos brasileiros dão nota menor que cinco à saúde no Brasil, seja ela pública ou privada. É duro, não é? Mas tem mais…
 
A pesquisa é nacional e reflete quase 2,5 mil entrevistas realizadas em junho último. Para cerca de 20% dos entrevistados, o atendimento no SUS merece nota zero; outros 18% deram nota cinco. Juntando os serviços de saúde públicos e particulares, os que deram nota zero chegam à quarta parte do total.
 
Embora a insatisfação não afete apenas sistema de público de saúde, mas também o privado, a maior carga de críticas se dirige aos serviços prestados pelo SUS. Em relação à qualidade dos serviços, por exemplo, 70% dos que buscaram atendimento disseram estar insatisfeitos, estando a pior percepção relacionada ao atendimento nas urgências e emergências. Além disso, pelo menos 30% dos entrevistados manifestaram estar aguardando ou ter alguém na família aguardando a marcação ou a realização de algum procedimento na rede pública. Isso também afeta os que detêm planos de saúde, entre os quais nada menos do que a quinta parte aguarda algum tipo de atendimento.
 
Roberto D’Ávila, presidente do CFM, uma das entidades patrocinadoras da pesquisa não perdeu a oportunidade ironizar: “para quem anunciou que o Mais Médicos seria a salvação do povo brasileiro, o resultado é de insatisfação”.
 
Poucas horas depois de anunciados os resultados do Datafolha, o Ministério da Saúde, junto com o CONASS e o CONASEMS, lamentaram a “interpretação tendenciosa e parcial dos dados”, acusando ainda as entidades patrocinadoras, especialmente o CFM de uma “tentativa de desconstrução do SUS”. Reação típica de quem ouviu a palavra “corda” após ter algum membro da família enforcado…
 
Mas será que as coisas têm realmente esta simplicidade (à falta de melhor palavra), que imaginam os gestores públicos do SUS ou o Presidente do CFM? É bom desconfiar que, talvez, o buraco esteja em lugar diferente do que cogitam estes senhores…
 
Quanto à posição do CFM, como expressada por sua autoridade máxima, não há maior novidade. Estranhável seria o elogio ao Mais Médicos, ao SUS ou a qualquer outra medida governamental que não promova o reajuste de tabelas, pelo menos em período recente. Seria o CFM contra o SUS? Não, exatamente. Eles defendem algum tipo de “SUS”, sim; mas um sistema muito particular, eivado de privilégios corporativos, dominado pelas prerrogativas do Ato Médico, sem importação de doutores para cobrir as notórias ausências dos mesmos em algumas regiões, além de ser, talvez, destinado apenas àqueles que, por incapacidade financeira ou exótica opção pessoal, venham a preferir serviços públicos, indignos pela própria natureza, onde já se viu!
 
Mas também os gestores do SUS perderam boa oportunidade de se colocarem de forma mais realista. Com efeito, os dados apresentados pela pesquisa são de conhecimento geral. Ignorá-los é como tapar o sol com a peneira. Com efeito, alguém hoje duvidaria das evidências generalizadas no setor saúde, relativas à má qualidade, falta de acesso, demora no atendimento – além de muitas outras questões negativas – que hoje representam a marca registrada mais patente no SUS?
 
Não adianta argumentar, como a nota tripartite o faz, que no passado já foi muito pior e que agora, aqui e ali, se vêem melhoras. Isso apenas repete o mote da velha anedota: quer ser feliz? Leve um bode para sua sala e depois de umas tantas semanas retire o bicho de lá… Então você se sentirá, realmente, transbordante de felicidade…
 
Brasileiros e brasileiras: conformem-se e fiquem felizes! A Saúde no país é realmente ruim, mas isso é pouco perto do que já foi!
 
Leia mais sobre tal assunto em: http://www.idisa.org.br/site/documento_11863_0__para-61-porcento,-saude-no-pais-merece-nota-menor-que-5.html


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