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FMI analisa ajuda a países afetados pelo vírus ebola

12 de setembro de 2014
 
Epidemia Guiné, Libéria e Serra Leoa são as economias mais atingidas
 
Por Ian Talley, Matina Stevis e Drew Hinshaw | The Wall Street Journal Equipe médica remove o corpo de uma vítima do ebola em Monróvia, a capital da Libéria; mais de 2.300 pessoas já morreram na epidemia na África Ocidental
 
O Fundo Monetário Internacional afirmou ontem que está discutindo um aumento da ajuda financeira de emergência para Serra Leoa, Guiné e Libéria, num momento em que a crise do vírus ebola na África Ocidental abala as perspectivas econômicas e sobrecarrega as finanças desses países.
 
Cada um dos três países contempla um déficit de até US$ 130 milhões devido aos danos na agricultura, comércio exterior e outras atividades econômicas, diz o FMI. "Além das mortes que a epidemia está provocando, o ebola deve causar um prejuízo significativo às economias da Guiné, Libéria e Serra Leoa", disse ontem William Murray, porta-voz do FMI.
 
Este deveria ser um ano brilhante para esses três países extremamente pobres do leste da África, que estão arcando com o grosso do problema do ebola na região. Depois de passar 50 anos às voltas com ditaduras, a Guiné - uma democracia desde 2010 - planejava leiloar uma concessão multibilionária de minério de ferro. A Libéria, cenário de uma terrível guerra civil que durou 14 anos, havia começado a leiloar blocos marítimos de exploração de petróleo. E a Serra Leoa deveria ser a segunda economia de maior crescimento na África pela segunda vez em três anos, segundo projeção do FMI.
 
O fundo estima que a epidemia reduzirá a expansão econômica de Serra Leoa de 11,3% para 8% este ano. Já o crescimento da Libéria cairá para 2,5%, menos da metade do previsto, e o da Guiné recuará de 3,5% para 2,4%, segundo o FMI.
 
Murray disse que o FMI negocia a ampliação dos programas de financiamento desses países para garantir que tenham os recursos necessários para combater a epidemia e manter a economia funcionando. "Uma intervenção em larga escala e bem coordenada da comunidade internacional é urgentemente necessária para ajudar a controlar a epidemia", disse.
 
O Banco Mundial também elevou os empréstimos à região, mobilizando US$ 230 milhões para os três países mais atingidos, inclusive US$ 105 milhões em recursos de emergência. Além da Organização Mundial da Saúde (OMS), outras agências da ONU estão usando dinheiro para combater a epidemia, enviando suprimentos, remédios e outros materiais de emergência.
 
Mais pessoas já morreram nessa epidemia de ebola que em todas as anteriores juntas. A OMS, que prevê que 20 mil pessoas serão infectadas na região, disse na quarta-feira que já houve 2.296 mortes desde que o vírus ressurgiu, em abril, até a segunda-feira passada.
 
A epidemia está prejudicando significativamente a agricultura, já que os produtores estão abandonando os campos com medo de serem infectados. Isso interrompeu o comércio de bens agrícolas e a própria colheita, que estava começando. O setor é responsável por cerca de 40% da produção econômica da Libéria e de Serra Leoa e 25% da da Guiné. É também um grande empregador nesses países, o que significa que a queda na renda afetará boa parte da população.
 
Para piorar, o vírus gerou ainda novas e enormes necessidades orçamentárias. A Libéria tinha apenas seis ambulâncias antes desta epidemia. Serão necessárias muito mais para atender o grande número de novos casos diários e as mortes, dizem autoridades.
 
"O vírus está sobrecarregando o sistema", diz James Dorbor Jallah, coordenador nacional da Força Tarefa do Ebola na Libéria. "Estamos fazendo o melhor possível, mas estamos tão limitados." E acrescentou: "A comunidade mundial está levando muito tempo para responder, mas, se eles não responderem logo, o pesar que sentirão será pior do que sentiram depois de Ruanda. Será pior que aquilo".
 
O comércio foi interrompido em face do fechamento das fronteiras, numa tentativa de conter o vírus. As mineradoras que operam nos três países descartaram qualquer efeito imediato do vírus no setor, mas poderá haver um impacto se a epidemia não for controlada logo, dizem analistas.
 
Os trabalhadores estrangeiros foram embora da região e algumas empresas se perguntam quantos irão voltar. Em Serra Leoa e na Libéria, a maioria dos funcionários públicos também foi forçada a sair. Muitos dos que ficaram estão sendo direcionados para serviços de saúde. Em Monróvia, capital da Libéria, um edifício público depois do outro foi sendo fechado, sendo ocupados só por seguranças.
 
Cartazes em toda a cidade imploram às empresas para que paguem seus impostos. Mas grande parte das empresas estão paradas. Restaurantes fecharam porque os habitantes de renda mais alta deixaram a cidade e, também, devido aos toques de recolher às 20h, que prejudicam o movimento noturno. Apenas duas empresas aéreas ainda voam para o aeroporto nacional, que era outra fonte de renda para um país que havia previsto arrecadar só US$ 570 milhões em receita do governo neste ano, mesmo antes da chegada do ebola.
 
Serra Leoa, Libéria e Guiné foram, também, efetivamente isolados do resto do continente. De fato, outros países africanos impuseram embargos a aviões vindos desses países, reforçando o isolamento econômico. Com os dois principais centros de conexões aéreas do continente - os aeroportos de Johannesburgo (África do Sul) e de Nairóbi (Quênia) - agora fechados para o tráfego desses países, a quarentena está quase completa.
 
A OMS e outras entidades condenaram os embargos aéreos, e a União Africana informou, na segunda-feira, que havia sido decidido cancelar o embargo. Mas Quênia e África do Sul, onde os dois embargos mais importantes estão em vigor, ainda não manifestaram a intenção de revogá-los.
 
Os três países mais atingidos pelo ebola já participam de programas de socorro. O FMI aprovou um empréstimo de US$ 200 milhões para a Guiné, em 2012, outro de US$ 100 milhões para Serra Leoa, no fim de 2013, e assinou uma linha de crédito de US$ 80 milhões para a Libéria, dois anos atrás.
 
Fonte: Valor Econômico


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