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Ah, esses economistas! (e políticos do governo, também)

Sylvain Levy


Quando um médico comete um erro, mesmo que não letal, ou quando ocorre uma confusão numa fila de pacientes ou num hospital do SUS é um Deus nos acuda. Manchetes de jornais, reportagens de televisão, dias a fio clamam por justiça e melhorias nos atendimentos á saúde. É bom que seja assim. A população merece, sempre, a melhor atenção que sempre necessita.


Um dos pilares do Sistema Único de Saúde, inscrito na Constituição como preceito e diretriz do SUS é a participação da comunidade no sistema, não só como demandante e objeto, mas como participante das definições sobre as políticas e ações de saúde e, principalmente, como peça fundamental no acompanhamento, avaliação e fiscalização dessas ações.


No entanto, não se percebe o mesmo clamor da mídia, nem da população, quando outros profissionais cometem equívocos. Alguns de proporções chinesas pois afetam muito mais gente que um paciente ou grupo de pessoas de uma fila de posto de saúde.


Quando um economista, ou um integrante do governo (sempre eles), afirma que o PIB – o produto interno bruto vai crescer X%, está induzindo o mercado a caminhar numa determinada direção. Quando o governo coloca uma previsão de crescimento econômico para o país, numa proposta de orçamento que será votada no Congresso e se transformará em Lei de Diretrizes Orçamentárias, toda a nação é afetada.


Em 15 de abril de 2008, o governo mandou ao Congresso a proposta do orçamento para 2009, contando com um crescimento do PIB de 5%. É claro que nenhum economista previu a crise que se abateria em setembro. Tanto assim , que em novembro o governo reduz a estimativa para 3,8% e o Presidente Lula discursava “ que quem apostar em crescimento muito baixo em 2009, pode quebrar a cara”. Como estamos vendo, quem apostou não quebrou.


Na mesma época, o sempre otimista Ministro Mantega garantia um PIB de 4%. Aliás, se o Ministro Mantega precisar buscar outra profissão, que não seja a de astrólogo, pois suas previsões não costumam se confirmar. Como passar do tempo ele foi baixando suas estimativas, pois elas iam sempre para cima, enquanto os indicadores caminhavam em sentido contrário.


Mas o Ministro Mantega nunca esteve sozinho nessa difícil função de oráculo. O FMI, em novembro de 2008 cravava um PIB brasileiro para 2009 em torno dos 3,5%. A Confederação Nacional da Indústria, em dezembro de 2008, apostava (só dizendo assim, pois de exata essa ciência de estimativa econômica não parece ser muito) em 2,4%. Não se pode esquecer que o Presidente do Banco Central, Henrique Meireles, considerou esse número “muito pessimista”. Hahã.


Porém, a publicação FOCUS, do Banco Central, ajustava a previsão para 2,00%, em janeiro de 2009, quando foi acompanhada pelo Ministro Mantega, embora a FEBRABAN (Federação dos bancos!) pensasse em 2,56%.
A partir daí foram só acomodações as “novas” realidades, todas para baixo. Mas em 16 de março de 2009, em seminário para investidores estrangeiros, em Nova York, o Presidente Lula ainda arriscava: ”Cresceremos em 2009 menos do que gostaríamos, menos do que poderíamos se não fosse a crise externa, mas vamos crescer”. A marolinha chegava à praia, e caminhava para nos deixar com água no pescoço.


Não afogamos mas não vai dar para nadar, com um crescimento zero ou muito próximo a isso.


Quando se fala em PIB anual, estamos falando da soma de todos os serviços e bens produzidos no ano no país. Ele é um importante indicador da atividade econômica do país, representando o crescimento econômico ou não. Em 2008 o PIB do Brasil foi de R$ 2,889 trilhões. O PIB per capita é a divisão do valor do PIB pelo número de habitantes. Portanto se o PIB não aumenta de um ano para outro, todos ficamos mais pobres, pois a população cresce. Pelos números atuais, em 2008 o PIB per capita foi de R$15.236 e o de 2009 deve cair para R$15.087.


Para se ter uma idéia do que representam os “equívocos” ou as estimativas furadas, os 4% do crescimento que não houve, que o Ministro Mantega alardeava em novembro de 2008, significam uma bolada de 115 bilhões de reais, o equivalente a duas vezes o orçamento do Ministério da Saúde para custear o SUS. Cada centésimo de um PIB não realizado são 289 milhões de reais, o suficiente para manter o Hospital Sarah, de Brasília, por um ano.

É ou não é uma dinheirama suficiente para evitar algumas mortes e tirar muita gente das filas dos hospitais?



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