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2011 - 27 - 552 - DOMINGUEIRA - SAÚDE BUCAL

 
1.   PRIMEIRA PÁGINA - TEXTOS DE GILSON CARVALHO
A SAÚDE DE NOSSA BOCA - Gilson Carvalho
Diante do momento de análise da saúde bucal do brasileiro, decidi ajudar a disseminar os dados com alguns comentários. Dou início por uma divagação específica da história da minha saúde bucal, um brasileiro sessentão da classe média.
Como já disse outras vezes sou de uma família de 16 filhos. Eu e mais quinze que hoje são apenas 10. Meus pais funcionários públicos do então Departamento de Correios e Telégrafos do Ministério da Viação e Obras Públicas. Minha mãe uma professora de Escola Normal, para criar os primeiros não trabalhou fora. Depois do nono, eu, ela foi para os Correios para aumentar a renda. Teríamos nos mantido na classe média-média se não fossem tantos os usufruidores da renda do casal. Com os quinze (uma foi embora ainda bebê) a renda per capita caiu e vivíamos na base da média, classe limítrofe com a pobre mesmo gozando da avaliação de médios pela posição de filhos de funcionários públicos federais. A alimentação era a comum de interior mineiro: arroz, feijão, verduras/legumes e uma mistura (carne, ovo, sardinha... o que tivesse) tudo na banha de porco ou na gordura vegetal de coco.  Havia quase sempre uma sobremesa que poderia ser frutas do quintal ou compradas na rua ou um doce, em geral caseiro. Os doces foram uma das causas concorrentes de minha má saúde bucal e de outros órgãos. Mas, como mineiro, só posso dizer: É bão dimáis, sô!
Tudo isto para começar a história da saúde dos meus dentes. No serviço de meu pai tinha a denominada Assistência Social com médico e dentista (um em tempo parcial para muitos funcionários e familiares). Nada de prevenção além da escovação. Tratamentos, só depois da dor de dente!
Depois fui para colégio interno onde o tratamento dentário ainda seguia o critério do alarme da dor de dente. A dor com o frio. A dor com o buraco. A dor no tratamento dos canais e, vez por outra, o inchaço do abcesso.
Os equipamentos obedeceram as disponibilidades da época. Ainda, por um tempo, entre 10 e 15 anos, tratei-me em cadeira em que as brocas eram acionadas por pedal com todos aqueles fios e cordinhas a céu aberto! Depois dos vinte anos já me faltavam alguns dentes e comecei a fazer as próteses removíveis ou não. Depois de formado, já trabalhando como médico e em situação financeira melhor, dei um trato nas arcadas e cheguei a extrair os cisos o que explica em parte meus lapsos de juizo!
Desde então, faço isto, nem sempre da melhor maneira, mas frequento periodicamente o meu dentista Valério, substituto do Marcelo que se aposentou. Brinco com o Valério, que é um PhD da UNITAU: - “gosto tanto de você e seu trabalho que me honro de ter guardadas e catalogadas todas suas obturações que trago afetuosamente sempre comigo... no bolsinho da calça”. Ele quer me surrar, principalmente quando falo isto em público, ao nos encontrarmos na universidade. Brincadeiras à parte, é um competentíssimo profissional, amigo dileto e pai do Pedro, companheiro do meu Francisco.
Voltando aos dentes, hoje convivo com a falta de alguns deles fugindo de próteses e implantes. A odonto evoluiu muito. Dos canais de minha infância e juventude, tratados à prestação em idas e vindas durante várias semanas, o último que fiz em 2010 durou exatamente 37 minutos entre a remoção da polpa (“extração do nervo”), curativo e fechamento final. Dou vivas a esses avanços! Tive sorte melhor que um de meus irmãos que, aos quarenta anos, colocou prótese total.
Agora estou conhecendo o último diagnóstico da saúde bucal do brasileiro, feito por pesquisadores com financiamento do Ministério da Saúde e execução de professores universitários da mais alta estirpe bucaleira. A pesquisa é Saúde Bucal – Brasil 2010 – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – Ministério da Saúde.
A pesquisa deu ênfase ao indicador denominado de CPO que a partir do exame bucal aos 12 anos de idade analisa o número de dentes Cariados, Perdidos ou Obturados. Desde 1986 o Brasil vem fazendo, periodicamente, levantamentos nacionais de saúde bucal, que estão se aprimorando nos últimos anos. Antes dessa pesquisa de 2010, havia sido feita a de 2003 com a mesma metodologia, o que possibilita comparações. O paradigma é a OMS - Organização Mundial de Saúde que classifica os países segundo a prevalência de cárie na população de 12 anos de idade (dentição definitiva).
Para a pesquisa, foram coletados dados em 177 municípios entre todas as capitais e mais 30 municípios em cada região brasileira. Foram examinadas as bocas de 38 mil pessoas distribuídas por faixa etária.
Vamos aos dados que se destacam nos resultados desta pesquisa:
·        O Brasil fica classificado como de baixa prevalência de cárie, pois o índice foi de 2,1 (CPO)  quando o paradigma da OMS para ser assim qualificado é de 1,2 a 2,6 aos 12 anos de idade.
·        O CPO caiu 26% entre 2003 (2,8) e 2010 (2,1).
·        O percentual de crianças livres de cárie foi de 31,6% para 44%.
·        O indicador foi de 3,2 na R.Norte e 2,1 na R.Sudeste.
·        Jovens entre 15 e 19 anos: 18 milhões de dentes deixaram de ser atacados pela cárie.
·        Caiu o percentual destes jovens que teve perdas dentárias entre 2003(27%) e 2010 (13%).
·        Em adultos caiu o número de dentes perdidos agora obturados.
·        Entre os idosos a estimativa é que existam 3 milhões deles necessitando prótese total e 4 milhões, prótese parcial.
Para mudar esta realidade o Brasil vem trabalhando a cada ano com mais intensidade. Várias ações foram feitas desde muitos anos atrás, com destaque para a fluoretação de águas de abastecimento. Um grande marco nesta abordagem foi, quando ainda na época do SUDS, se universalizaram cuidados preventivos via prefeituras municipais. Isto aconteceu no início dos anos 90, transição entre SUDS e SUS. O cuidado com saúde bucal foi crescente e um momento de alavancagem se deu no Governo Lula com o Programa Brasil Sorridente.
Abaixo estão alguns dados todos produzidos e divulgados pelo Ministério da Saúde:
·     O investimento financeiro (valores nominais) entre 2002 ( 56 mi ) e 2010 ( 600 mi ) cresceu mais de 10 vezes.
·     As equipes de saúde bucal junto ao PSF cresceram de 4.261 (2002) para 20.560 (2010).
·     A cobertura de municípios foi de 41% (2002) para 85% (2010).
·     Distribuição de 72 milhões de kits com escova e pasta de dente.
·     Os CEOS – Centros de Especialidades Odontológicas são 853 fazendo com que o atendimento especializado saísse de 6 para 25.
·     Foram distribuídas pelo MS aos municípios 5,5 mil cadeiras odontológicas.
·     As UMO – Unidades Móveis Odontológicas serão 160 até final de 2011 sendo que 51 já estão em funcionamento.
·     Os atendimentos cresceram de 86 milhões para 147 milhões.
·     Estima-se que neste período 2,5 milhões de dentes tenham deixado de ser perdidos por tratamento conservador, sem necessidade de extrações.
·     Foram implantados 600 sistemas de fluoretação de águas melhorando a saúde bucal de 5 milhões de brasileiros (estima-se que o risco de cárie com uso de água fluoretada caia em até 50%).
 
Concluindo podemos dizer que a saúde bucal da população brasileira vem melhorando bastante. Mas é preciso reconhecer que fazemos ainda muito pouco, sobretudo no SUS, quando levamos em conta as necessidades que os números oficiais indicam. Sei, pois convivo com muitos deles, que os “dentistas do SUS” são uns abnegados, fazem muito, lutam diariamente para fazer mais e melhor, e lutam até mesmo para poder fazer a prevenção possível nos dias de hoje. Mas muitos dentistas e auxiliares de saúde bucal do SUS se deparam, ainda hoje, infelizmente, com alguns dirigentes de saúde  que parecem estar  com a cabeça no tempo em que eu era menino, lá nas Minas Gerais. Esses dirigentes de secretarias, departamentos e unidades de saúde, precisam se atualizar sobre saúde bucal, entender que o trabalho odontológico de hoje em dia é muito diferente do que no passado, e que essa diferença é para melhor. Não há, atualmente, justificativa para que qualquer de nossos filhos, de qualquer classe social, perca algum dente por falta de acesso à prevenção e tratamento. Como sessentão e idoso fico cá pensando: o Brasil tem uma dívida com seus idosos, impagável. Mesmo se quisesse hoje se redimir, já não poderia recuperar o muito perdido por estes idosos. Entretanto, quero fazer um desafio para que, concomitante à prevenção e tratamento das crianças e jovens, façamos um mutirão para, em um, dois, três ou quatro anos, zerar a necessidade de próteses de nossos idosos. Isto é perfeitamente possível, segundo alguns dentistas sanitaristas com quem conversei sobre isso. Muitas próteses dentais, conforme disse, vêm sendo feitas no SUS e isso precisa continuar. Mas é preciso ampliar essa oferta. Zerar a necessidade de próteses de nossos idosos é viável, e isso deveria ser visto como uma meta do SUS. Para isto, seriam necessários, nestes anos, cerca de R$500 milhões. Conseguiremos atingir esta meta? Seríamos capazes desse gesto de generosidade e respeito aos nossos idosos? Não como filantropia, como se se tratasse de “dar algo a esses coitadinhos”, mas como uma ação de política pública, reconhecendo um direito. O que não se pode é dizer ou aceitar que está tudo bem, apenas porque muito já se faz. Temos o desafio constitucional, também na saúde bucal, de atingir o tudo para todos!
Faço minhas as palavras da Idiana Louvison:  “Um sistema de saúde universal, como o SUS quer ser, que faz milhares de transplantes todos os anos, que expande a atenção primária de modo notável, que avança em busca da integralidade e da equidade, NÃO PODE RECUSAR PRÓTESES DENTÁRIAS A MILHÕES DE BRASILEIROS, pois trata-se de algo de custo tão baixo e que atende a uma necessidade tão elementar, tão essencial para tantas pessoas. Isto é incompreensível e, por injusto, inaceitável.”
Idiana Louvison – Cirurgiã-Dentista do Grupo Hospitalar Conceição do Ministério da Saúde em Porto Alegre – Assessora da Coordenação Nacional de Saúde Bucal do MS.”
 
 
2.   SEGUNDA PÁGINA - TEXTOS DE OPINIÃO DE TERCEIROS
MEU SORRISO DO ANO – 2010
Paulo Capel Narvai - Cirurgião-Dentista Sanitarista. Mestre e Doutor em Saúde Pública. Professor Titular de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Autor de ‘Odontologia e saúde Bucal Coletiva’ (Ed.Santos) e de ‘Saúde Bucal no Brasil: Muito Além do Céu da Boca’ (Ed.Fiocruz).
 
Eu sei que você, caro leitor, acha que, em 2010, o prêmio Meu Sorriso do Ano só poderia ir para o Lula ou para a Dilma. Sim, são excelentes opções, mas... veja bem... Um dos porteiros do meu prédio vive repetindo “Veja bem, Seo Paulo...”, quando tem que me contar algo que ele considera difícil dizer.
O fato é que, veja bem caro leitor, a Presidenta Dilma – sim ela quer ser chamada de Presidenta e não presidente – embora ainda esteja no começo da sua história, mesmo que se encontre ainda forjando a sua liderança política, por razões óbvias, merece o Prêmio. Fez sua estréia em eleições justamente à Presidência da República – e ganhou. Superou preconceitos (mulher, ex-guerrilheira) e desconfianças (“não tem experiência administrativa”, “nunca foi eleita para nada”) e conquistou exatos 55.752.529 votos. Além do mais, ela poderia ficar com o Prêmio, pois, ao contrário de milhões de brasileiros que perdem dentes por falta de educação, de apoio e orientação familiar, por serem pobres e despossuídos, como dizia Florestan Fernandes, Dilma perdeu um dente sob tortura durante a ditadura militar. Não é todo mundo que perde dente sob tortura, e isso a vincula, digamos, odontologicamente, ao Prêmio Meu Sorriso do Ano 2010. Apesar dessa perda, está hoje com o sorriso relativamente em ordem – apenas um pouco prejudicado pelo desalinhamento daqueles dois incisivos centrais superiores que, aliás, já fazem a alegria de 10 em cada 10 cartunistas. Dilma sorriu muito, principalmente ao ser diplomada Presidenta da República pelo Tribunal Superior Eleitoral, ocasião em que feliz registrou ser “a primeira mulher eleita presidenta da República”, e disse que sua eleição “rompe os preconceitos, desafia os limites e enche de esperança um povo sofrido.” Sorriu também no dia da posse, protegida no Rolls-Royce presidencial debaixo daquela chuvarada, e ao jurar cumprir a Constituição e defender o Brasil. Poderia ser Dilma, mas veja bem...
Um dos amigos que integram o colégio eleitoral deste Prêmio Meu Sorriso do Ano afirmou que “indico o Lula, pois ele deixa o Brasil de alguma maneira melhor do que encontrou, apoiou a nossa Saúde Bucal e é uma figura emblemática e carismática importante, mesmo no apagar das luzes de seus mandatos.” Um amigo ponderou que foram “avanços nunca dantes imaginados” e que eu deveria pensar “na criação do prêmio-extra ‘Sorriso da Década’”, pois estamos no final da primeira década do século e que isso daria maior “amplitude ao Prêmio” e faria justiça “ao metalúrgico que contribuiu com milhões de sorrisos, quer pelo Brasil Sorridente, quer por ter viabilizado a geração de milhões de empregos, com mais comida na mesa, mais moradia e outras conquistas do povo brasileiro.” Outro consultado chegou a ameaçar: “se o Lula não for premiado neste ano, é porque você está fraudando as eleições”. Ao ler, ri, pois entendi perfeitamente o desconsolo do meu dileto eleitor, com essa novela de ano após ano o Lula ser indicado, receber uma montanha de votos, mas não ter ganhado nada até hoje.
Mas, são coisas da vida. Nem tudo é democracia nesta vida...
É verdade que ambos, Lula e Dilma, estiveram inseparáveis em 2010 e, sem dúvida, logo se credenciaram ao Prêmio deste ano. Por isso mesmo, por inseparáveis, escolher um implicaria preterir o outro. Mas como, se um e outra – ou outro e uma – são praticamente como unha e carne? Como separá-los para fins, digamos... eleitorais? Difícil.
Aliás, é difícil até mesmo não falar de Lula já no começo desse artigo. É aquela típica situação em que não dá para iniciar o texto falando de outra coisa, pois, neste 2010, além de receber outra montanha de votos das amigas e amigos que me ajudam nessa tarefa, Lula chegou ao último mês do seu segundo governo (2007-2010) batendo novo recorde de aprovação pessoal. Segundo a pesquisa CNI/Ibope, divulgada em dezembro, a aprovação atingiu 87%, uma marca na história republicana brasileira. Em 29 de dezembro, a popularidade de Lula, aferida pelo Instituto Sensus, era igualmente de 87%. Sim, caro leitor, eu sei: há reconhecimento geral de que o ex-operário e líder sindical foi capaz de formar e comandar um governo que, apesar de frágil em várias áreas estratégicas para diminuir as iniqüidades do país, logrou avanços importantes, de grande significado econômico e social. Seu êxito na chefia do Estado brasileiro projetou-o internacionalmente, emergindo, na primeira década do século, como um dos líderes mais admirados e respeitados em escala global. Sim , poderia ser Lula, mas veja bem...
No bloco dos políticos, um membro do colégio eleitoral ponderou que talvez o Prêmio deste ano devesse ser dado a Paulo Maluf, eleito novamente em outubro, desta vez deputado federal. Ele é a encarnação de “tudo de abominável da política deste país.” Sua presença na Câmara dos Deputados parece indicar que “nada mudou em termos de ética. Ele não só sorri, como dá gargalhadas de todos nós que nos consideramos honestos! Quando esse país vai mudar???” – interrogou perplexo. Sim, poderia ser Maluf, mas veja bem...
Uma amiga me pediu para incluir o Tiririca entre os indicados em 2010, o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Alegou que “daqui pra frente, qualquer processo eleitoral que se preze terá de incluí-lo...”. Resisti em princípio, mas resolvi aceitar a sugestão. Achei justo. Mas o cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, nascido em Itapipoca, Ceará , num Dia Internacional do Trabalho (1º de maio de 1965) recebeu apenas um voto favorável e vários votos contra no meu colégio eleitoral. Outra amiga disse que ele “é a personificação do desencanto da nossa sociedade com a política, colocada, por equívoco (?), no mesmo balaio da má politicagem. Penso que essa indistinção favorece o já estabelecido – acreditar que os governos são naturalmente corruptos e os políticos são todos iguais gera uma inação por parte da sociedade. Parece que isso interessa bem às elites, não? Assim, combatamos os Tiriricas.” Tenho porém a convicção de que, para ele, nossas opiniões não têm, veja bem, rigorosamente, a menor importância.
Outro bem cotado foi Muricy Ramalho, o técnico do Fluminense, campeão brasileiro. Sorriso não é propriamente o forte do sujeito, que tem fama de mal humorado e, às vezes, escorrega feio nas tais “relações humanas”, sobretudo quando o humano que se relaciona com ele é um jornalista... Bem que merecia o Prêmio, pois se insere naquele grupo de gente que aparece nesta lista todos os anos, e se caracteriza por “jogar para o alto” um monte de vantagens, grana, poder, para simplesmente fazer o que gosta, o que lhe dá prazer, estar onde e com quem quer estar etc. Ao recusar o cargo mais cobiçado por todos os técnicos de futebol do país, e invejado por todos os colegas planeta afora, o de técnico da seleção brasileira, Muricy disse que apenas honrou a palavra dada e o contrato que assinou. Disse mais: que aprendeu isso com o pai e que não via razões para fazer diferente. Não é pouco. Se é isso mesmo ou não, o tempo dirá. Mas que ele sorriu bonito no começo de dezembro, com o invejado título de campeão brasileiro de futebol, isso é indiscutível. Poderia ser o Muricy, mas veja bem: ninguém votou nele no meu colégio eleitoral.
Já no finalzinho do ano, no apagar das luzes, já nos “últimos minutos da prorrogação”, uma notícia n’O Globo disparou várias indicações para o Prêmio: a índia Tenile Mendes, de 22 anos, acabara de se formar em odontologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para estudar precisou da aprovação das lideranças da aldeia onde cresceu e ingressou na universidade por meio do programa de políticas afirmativas, aprovado em 2004 e implementado no ano seguinte. A UFPR destina dez vagas aos povos indígenas de qualquer região do país. Agora, com o diploma nas mãos, Tenile estaria disposta a voltar para a aldeia de cerca de 3.500 pessoas para “cuidar da saúde bucal” de seu povo. Tenile foi a primeira índia a se graduar pela instituição paranaense, a primeira universidade criada no Brasil. No discurso do paraninfo, o professor Jairo Bordini Junior ressaltou a validade e a importância da inclusão social. “A inclusão é um caminho que deve ser seguido e incentivado. As dificuldades quanto ao aprendizado são as mesmas para todos os alunos, mas não podia deixar que a pressão social interferisse no avanço dentro do curso. E com esforço e dedicação, a Tenile conseguiu”.
São muito recentes as experiências de universidades brasileiras com abertura de vagas para índios. Segundo o professor Rui Vicente Oppermann, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mantém “com grandes dificuldades” um programa que possibilita o ingresso de um indígena por ano no curso de graduação em Odontologia. Para ele, “as políticas afirmativas representam sim um reparo (ainda que bastante modesto) às populações perseguidas ao longo da nossa História das quais os indígenas e os negros são os principais representantes.” O professor Petrônio Martelli, coordenador do curso de Odontologia de Caruaru-PE, considera que a inclusão de alunos provenientes de “populações vulneráveis na profissão odontológica está ganhando robustez” e afirma: “temos em Caruaru um Xukuru no segundo período de odontologia, oriundo do município de Pesqueira-PE.” Segundo Martelli essa inclusão está sendo “possível graças ao FIES”, o Programa de Financiamento Estudantil do governo federal. Bem, por todas essas razões, poderia ser a índia Tenile, mas veja bem...
Após tantos “veja bem”, o fato é que o Prêmio Meu Sorriso do Ano ficou com um sujeito chamado Manuel González. Sim leitor, ele não é conhecido do público. Você que me lê agora também não tem a menor idéia de quem é esse Manuel Gonzáles, não é? Pois, então, deixe-me explicar isso. Manuel é o paramédico do Corpo de Bombeiros do Chile que participou do resgate dos 33 mineiros que permaneceram 70 dias presos na mina San José e foram, finalmente, resgatados numa operação sem precedentes, no dia 13 de outubro. O mundo se comoveu com os 33 mineiros – embora, como assinalou um amigo consultado, tenha faltado na cobertura do assunto “uma denúncia contundente das péssimas condições de segurança no trabalho que ameaçam ainda hoje milhares de trabalhadores do setor de mineração em todo o mundo, naquela que é considerada a profissão civil mais perigosa e insalubre existente.” O fato é que os mineiros foram bravos, resistiram e acreditaram. Mas, meus caros, eles estavam a quase 700 metros de profundidade e não lhes havia muito o que fazer. Claro que, nessas condições, não perder a cabeça não é pra qualquer um. Mas o nosso bombeiro mereceu ganhar o Prêmio pelo fato de que, não estando lá entre os 33, aceitou a missão. Virou o 34º herói. Ou o primeiro herói, dependendo do ponto de vista. Manuel podia ter se recusado, mas não: aceitou a tarefa de se meter no interior da terra, quase 1 km planeta adentro, para testar a cápsula Fênix, utilizada para o resgate. Meteu-se aonde não estava, não tinha sido chamado e não precisaria estar – a não ser se, como efetivamente fez, colocasse a necessidade de cumprir seu dever acima dos riscos à sua própria vida. Foi o primeiro a chegar e o último a sair. Permaneceu lá nas profundezas até que o último mineiro fosse resgatado. Os 33 mineiros foram bravos, mas esse Manuel González foi mais, muito mais do que um bravo: com sua ação colocou o Ser Humano “um degrau” acima, num mundo em que os degraus abaixo parecem não ter limites. E agiu desinteressadamente, por dever profissional. Como disse uma amiga que cravou seu voto no bombeiro do Chile, “uma bela profissão, que não é valorizada nem remunerada como deveria, mas que sem dúvida mostra o real valor da vida humana.” E concluiu: “Esse é o cara!” Após o cumprimento da difícil e inusitada missão, Manuel González, rosto ainda tenso, abriu um largo e muito significativo sorriso. E eu, que não creio, me perguntei: “Meu Deus! Que sorriso é esse?” É o Sorriso do Ano 2010.
 
 
3.   TERCEIRA PÁGINA – NOTÍCIAS
 
 
3.1 PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL – 2010 – BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE – ANEXO 3 ARQUIVOS DA PESQUISA
Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – 2010
A cárie dentária continua sendo o principal problema de saúde bucal dos brasileiros. Mas a situação melhorou entre 2003 e 2010. Na idade de 12 anos, utilizada mundialmente para avaliar a situação em crianças, a doença atingia 69% da população em 2003. Essa porcentagem diminuiu para 56% em 2010. Esse declínio, de 13 pontos percentuais, corresponde a uma diminuição de 19% na prevalência da enfermidade. O número médio de dentes atacados por cárie também diminuiu nas crianças: era 2,8 em 2003 e caiu para 2,1 em 2010 – uma redução de 25%. Em termos absolutos, e considerando a população brasileira estimada para 2010, essas reduções indicam que, no período considerado, cerca de um milhão e 600 mil dentes permanentes deixaram de ser afetados pela cárie em crianças de 12 anos em todo o país. Em adolescentes, a redução do número de dentes
que foram poupados do ataque de cárie, em relação a 2003, chegou a aproximadamente 18 milhões. As necessidades de próteses dentais por adolescentes reduziram-se em 52%. Entre os adultos o destaque cabe a uma importantíssima inversão de tendência: as extrações de dentes vêm cedendo espaço aos tratamentos restauradores. Em adultos, as necessidades de próteses reduziram-se em 70%.
Esses números são as principais conclusões da “Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – 2010”, concluída em dezembro pelo Ministério da Saúde, com participação das Secretarias Estaduais de Saúde de todas as unidades federativas. Os dados foram obtidos em 177 cidades, nas cinco grandes regiões brasileiras, e mostram a situação em todas as capitais estaduais, no Distrito Federal e no interior do país. Foram examinados e entrevistados, em seus domicílios, crianças de 5 e de 12 anos de idade, adolescentes de 15 a 19 anos, adultos de 35 a 44 anos e idosos de 65 a 74 anos por dentistas pertencentes aos serviços de saúde dos municípios participantes. A amostra, estatisticamente representativa da população brasileira, foi de aproximadamente 38 mil pessoas.
 
3.2 Direto da fonte 29 de janeiro de 2011  Sonia Racy
Alexandre Padilha mostra a que veio. Aplicará no Ministério da Saúde o que aprendeu no das Relações Institucionais: articulação. "Somos todos do mesmo partido. O partido da saúde", disse ontem, olhando para Kassab e secretários da Saúde do Município e do Estado, durante discurso em café da manhã no Sírio-Libanês. Horas depois, repetiu o mantra com Alckmin na USP.
Raul Cutait, cirurgião, classifica Padilha como "o ministro do diálogo". "É assim que a saúde vai melhorar", receita.  Aliás, na noite de ontem, estava previsto seleto jantar na casa de Kalil dando continuidade à conversa com o ministro.
 
3.3 NOVA ELEIÇÃO NO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE
O Conselho Nacional de Saúde terá que fazer nova eleição para sua presidência. Saiu agora em janeiro o parecer da AGU dirimindo a dúvida. A OBRIGAÇÃO DE SÓ FAZER O QUE ESTÁ NA LEI jamais deverei ter permitido ao Conselho criar a ilegalidade casuística introduzida no Regimento Interno para a eleição de sua presidência. Agora é torcer e muito para a abertura democrática do processo eleitoral. Já temos a boa notícia esperada, de que, estrategicamente e com discurso de nobreza e grandeza, foi retirada a  candidatura de re-eleição.
Anexo  documentos com a decisão da Advocacia Geral da União – Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde,  sobre o tema.
A grande lição do processo: o Conselho Nacional de Saúde deve ter, como alicerce e base, o estado democrático de direito. Cumprir sempre a CF, as Leis e Decretos correlatos. O CNS não é uma assembléia soberana para deliberar acima da lei. Ainda tem muita decisão do CNS a sofrer o crivo legal, como por exemplo a 333 e sua revisão recente que cai em idênticos, não direi erros, mas enganos e equívocos da ilegalidade!
 
3.4 NOVA PORTARIA SOBRE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE DOENÇAS E AGRAVOS À SAÚDE – DE MARCOS FRANCO NOSSO VIGILANTE À SAÚDE
Caros:
O Ministério da Saúde publicou ontem a portaria 104, que substitui a 2472 que se refere a notificação compulsória de doenças, agravos e eventos inusitados em todo o território nacional.
Por favor, divulguem.  TEXTO INTEGRAL EM ANEXO
Estamos a disposição para dúvidas. (marcosfranco@conasems.org.br)  Abraços – MARCOS FRANCO – MÉDICO SANITARISTA – ASSESSOR DO CONASEMS
 
 
 SAÚDE BUCAL -PESQUISA Anuncio Resultados - Paginas Sites - dez 2010
 
 SAÚDE BUCAL - Nota Para Imprensa - 28 dez 2010
 
 SAÚDE BUCAL 2010 - DIAG. MS
 
 CNS - ELEIÇÃO PRESIDÊNCIA - PARECER - JAN - 2011
 
 CNS - ELEIÇÃO PRESIDÊNCIA
 
 GC - 2011 - 1 - A SAÚDE DE NOSSAS BOCAS
 
 PT - 104 - 2011 - NOTIFICACAO COMPULSORIA
 
 
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