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Sobe número de empregados que se ausentam por doença: Pesquisa do setor industrial e consultores apontam para alta do absenteísmo

"Faltei ao trabalho duas vezes neste ano", conta a cozinheira Rosilda Maria da Silva, 40. "Minha filha estava doente e precisei levá-la ao médico", justifica. Ela lembra que, nas duas ocasiões, avisou o chefe e levou atestado de saúde no dia seguinte. Em 2010, diz, não perdeu um só dia de trabalho.
 
Uma pesquisa nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria) que perguntou para os empregados quantos dias eles haviam faltado nos últimos 12 meses por problemas relacionados a saúde aponta uma tendência de alta no absenteísmo dos trabalhadores.
 
Dos 153.626 que responderam ao questionário entre janeiro e agosto deste ano, 32,5% relataram que deixaram de trabalhar por pelo menos um dia. A média histórica é de 30,7%. No Estado de São Paulo, houve ainda alta discreta no número de empregados que faltam seis ou mais dias.
 
Embora o estudo retrate apenas um setor de atividade, o industrial, e seja feito em empresas diferentes a cada ano, consultores de recursos humanos estendem a percepção de aumento do número de ausentes para o mercado de trabalho em geral.
 
Para a consultora da Lens & Minarelli Mariá Giuliese, "esse tema tem crescido em importância". Ela conta que ouve falar sobre faltas com mais frequência em palestras.
 
Andrea Huggard Caine, diretora da consultoria que leva o seu sobrenome, diz que, para empresas que trabalham com número restrito de empregados, o absenteísmo "é crucial, mortal".
 
Faltas tendem a cair com horário flexível
 
Segundo especialistas em RH, trabalhador é motivado pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Dar ao empregado a liberdade para entrar no trabalho e sair dele nos horários que lhe forem mais convenientes pode ser uma maneira eficaz de diminuir as faltas, dizem analistas de RH.
 
Para Henrique Gamba, gerente da consultoria Hays, "ter flexibilidade deixa o trabalhador mais feliz". Ele observa que, com esse modelo, o empregado poderá, por exemplo, evitar picos de congestionamento para ir para o trabalho e quando voltar para casa.
 
Gamba afirma que o mesmo efeito pode ser obtido com o trabalho em casa -a exceção são pessoas que gostam do ambiente corporativo e preferem estar na empresa. Nelma de Almeida Prado, sócia da consultoria Search, de RH, avalia que a flexibilidade de horários "diminui o nível de estresse" e chega até a evitar algumas doenças ocupacionais que levam a um aumento de faltas.
 
Prazos
 
Nelson Moreira do Carmo, 41, analista de sistemas, trabalha de casa com flexibilidade de horários. "Hoje, tenho prazos para entregar tarefas", explica. O profissional conta que, durante dez anos, teve de obedecer a horários rígidos de entrada e de saída na sede da empresa.
 
Ele estima que perdia cerca de dez dias de trabalho por ano em decorrência de dores causadas por uma hérnia de disco. Com a nova rotina, as faltas "praticamente não existem mais", ressalta.
Prado, da Search, acrescenta que horários flexíveis dão disponibilidade para o empregado poder se organizar melhor e, assim, "administrar assuntos pessoais e profissionais". É o que acontece com Melissa Martins, 32, analista de marketing da Levi's Brasil. Nesse arranjo, exemplifica, é mais fácil levar o carro para a inspeção veicular.
 
Martins, que já trabalhou em esquemas mais tradicionais, considera que poder escolher o horário faz com que as faltas diminuam. Sem flexibilidade -mesmo se, depois de negociar, o chefe não permitir que o funcionário saia para o compromisso pessoal-, "não resta opção a não ser faltar", frisa.
 
Justa causa: Empresa pode demitir por excessos
 
Quem falta sem justificar pode ter os valores dos períodos não trabalhados descontados. E, segundo o advogado Eli Alves da Silva, se há muitas ausências, trata-se de não cumprimento das obrigações do empregado, e a empresa consegue demiti-lo por justa causa. Para isso, é preciso "caracterizar as advertências", diz.
 
Serviços é setor com mais faltas: Associação do Paraná faz estudo pioneiro para medir absenteísmo
 
Os empregados de companhias das áreas de serviços (como alimentos e transportes) faltam mais do que os da indústria (metalurgia ou química, por exemplo). Essa é uma das conclusões a que chegou o levantamento nomeado 3º Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos, realizado pelo escritório de Curitiba da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos).
Desenvolvida há quatro anos, a pesquisa surgiu para mensurar o setor de RH com indicadores de desempenho, explica Sônia Gurgel, 59, presidente da entidade.
 
"Como outros departamentos, [o de RH] tem condições de ser avaliado", diz Gurgel.
O levantamento de 2010, obtido com exclusividade pela Folha, mostra uma ligeira queda nas médias de absenteísmo em relação ao ano de 2009, tanto em serviços como na indústria. As empresas não são exatamente as mesmas do ano anterior.
 
Indicadores
 
A Moinho Globo Alimentos, da cidade paranaense de Sertanópolis (453 quilômetros de Curitiba), é uma das 162 empresas que participam dos levantamentos. Mário Trentini, 35, gerente de RH da Moinho, diz que lá o absenteísmo é observado de perto. "É um dos nossos indicadores, existe um patamar que entendemos ser aceitável", afirma. Se o número extrapola, os funcionários do RH não recebem o dinheiro da participação dos lucros.
 
A Moinho tem pouco mais de 150 empregados. Segundo Trentini, as faltas, justificadas ou não, somam 130 de janeiro a agosto deste ano. O número equivale a uma média de 16,25 por mês -ou 0,1 dia por empregado.
 
A assistente contábil Elisangela Ventura, 24, teve que faltar neste ano para extrair um dente. Ela avisou que não iria à empresa e depois levou um atestado comprovando a visita ao dentista. Ventura comenta que "a empresa entende [a falta]".
 
"Vimos que penalizar o colaborador não funcionava", destaca Trentini. Para manter baixo o número de faltas, a Moinho desenvolve ações preventivas ligadas à saúde: contratou dentistas e nutricionista, promove exames periódicos de avaliação e chama médicos para darem palestras na sede da empresa.
 
 
Por Felipe Gutierrez
 
Fonte: Folha de São Paulo


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