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2012 - Castanha - do - pará contra os males da boca

02 de julho de 2012
 
Segundo pesquisa feita pela PUC Minas, o óleo extraído do fruto brasileiro ajuda na prevenção da placa bacteriana, vilã quando o assunto é a cárie, que atinge até 90% das crianças do mundo.
 
Luciane Evans 
 
Belo Horizonte - Sobram elogios quando o assunto é o óleo de castanha-do-pará. Cada vez mais procurado pelos seus efeitos na pele, na alimentação e no bem que faz para a saúde, o óleo, tipicamente brasileiro, acaba de ganhar mais um atributo: o de ser útil também para os dentes, ajudando na prevenção contra as doenças periodontais, como as cáries. A conclusão veio da PUC Minas por meio da dissertação Efeito da adição de óleos vegetal e mineral em dentifrício no controle do biofilme dentário: ensaio clínico randomizado, controlado, duplo cego, feito no programa de pós-graduação em odontologia da instituição.
 
 
Cada vez mais usados na medicina, na cosmética e na indústria de alimentos, os óleos essenciais - líquidos gordurosos que não se misturam com a água e são obtidos de fonte mineral e vegetal - passaram a ganhar força no tratamento dentário. Pelos seus poderes de criar uma camada protetora nos dentes, protegendo-os de muitas doenças bucais, dão mais efetividade à higiene bucal. "Por se tratar de uma substância brasileira, e constantemente usada pela população carente, que tem acesso à castanha in natura e vai ao dentista dificilmente, resolvi fazer a pesquisa com óleo de castanha-do-pará. Se já há tantos óleos internacionais sendo usados, por que não um brasileiro?", questiona a autora da dissertação, Cíntia de Fátima Buldrin Filogônio, mestre em odontopediatria pela PUC.
 
 
O trabalho começou em 2007 com 30 alunos do 2º período da Faculdade de Odontologia da instituição. "Compramos pastas de dente de uso comercial e mandamos manipular outras, sendo que somente a pessoa da farmácia de manipulação sabia o que continha em cada tubo", diz Cíntia. Divididos os alunos em três grupos de 10 pessoas, cada um recebeu um dentifrício, sendo que, para dois grupos, a formulação da pasta tinha sido alterada. "Colocamos em algumas delas 10% de óleo mineral. Em outras, foram adicionados 10% de óleo vegetal, que foi o da castanha-do-pará."
 
 
Durante 90 dias, os universitários usaram o dentifrício na higiene bucal diária. "Antes de começar o estudo, fizemos avaliações dentárias nos voluntários, o que se repetiu de 15 em 15 dias, para observarmos as mudanças nos dentes depois que eles passaram a usar as pastas manipuladas", conta Cíntia.
 
 
A observação para a possível melhora na boca estava no acúmulo de bactérias na microbiota bucal sobre a superfície do dente, as conhecidas placas bacterianas - fator determinante para a cárie. "Em geral, esse acúmulo se dá onde a escovação não é benfeita. A remoção mecânica do biofilme (placas bacterianas) feita com a escova e o fio dental tem sido o principal instrumento para a higiene. Há evidências suficientes de que a escovação dentária exerce efeito benéfico na prevenção de doenças bucais, mas a alta prevalência na população de cáries indica que a maioria das pessoas não consegue remover as bactérias suficientemente", acrescenta Cíntia, apontando que, nesse sentido, os óleos essenciais servirão como um auxílio a mais para a prevenção dos males da boca, "não devendo ser substituídos pela escovação".
 
 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cárie afeta de 60% a 90% de crianças em idade escolar e a maioria dos adultos do mundo. De acordo com pesquisadora, embora muitos agentes antimicrobianos possam parecer apropriados para o controle do biofilme, poucos têm demonstrado eficácia clínica. "Enxaguatórios, dentifrícios e outras soluções tópicas são veículos apropriados, mas, quando o enxaguatório ou gel é usado em conjunto com a escovação regular, usando-se dentifrício com flúor, por exemplo, o custo da associação é mais elevado do que o equivalente à formulação de um antibiofilme para a obtenção do mesmo benefício. Mais destaque tem sido dado aos dentifrícios, que comprovaram sua efetividade incontestável nesse processo. Nesse caso, têm sido experimentadas diferentes formulações para torná-los mais efetivos. Observamos que a adição de determinados óleos às pastas dentais propiciou boa ação antibiofilme e antigengivite", explica Cíntia Filogônio.
 
Resultados
 
Os dois grupos de estudantes do estudo da PUC Minas que usaram a pasta alterada tiveram uma redução mais significativa das placas bacterianas, sendo que a diminuição foi ainda maior naqueles que usaram dentifrício com a adição do óleo tipicamente brasileiro. "Isso significa que o produto tem esse poder e indica uma alternativa para o controle das doenças periodentais", avisa a pesquisadora, ressaltando que os alimentos gordurosos e oleosos interferem favoravelmente na inibição da formação de placas por criar um tipo de barreira protetora sobre o esmalte dental. Ela destaca ainda que a placa bacteriana é o principal fator para doenças periodontais. "Já conheci paciente que usa óleo de cozinha e de amêndoa na escovação. Agora, comprovamos que o de castanha-do-pará também tem esse poder, além de ter custo baixo e ser de fácil aquisição", acrescenta.
 
 
Segundo ela, outros estudos indicaram que os óleos foram efetivos quando comparados com o uso diário do fio dental. "Isso não significou a intenção de substituí-lo, mas enfatizar que, se o controle do biofilme for insuficiente, a prescrição de agentes com óleos pode ter efeito benéfico. Assim, produtos de higiene oleosos, duas vezes ao dia, reduziram níveis de bactérias específicas associadas a doenças de gengivas, sendo recomendado seu uso diário, além dos procedimentos de higiene oral rotineiros."
 
Gosto ruim
 
Uma das reclamações dos voluntários foi do gosto do dentifrício contendo o óleo vegetal. A equipe verificou que o nível de reclamações sumiu depois de 15 dias de uso da pasta. Cíntia, que usa os tubos que sobraram da pesquisa, conta que vê resultados. "Parece que o creme com o óleo da castanha forma uma película nos dentes", diz, reconhecendo que há necessidade de estudos adicionais antes de se recomendar a utilização de produtos contendo o óleo de castanha-do- pará na rotina da higiene bucal dos pacientes.
 
 
Fonte: Correio Braziliense


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