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Transplantes batem recorde

08 de janeiro de 2013
 
Bruno Peres/CB/D.A Press
 
José Wilton foi submetido ao transplante de coração em 15 de dezembro: sem previsão de alta, ele sonha poder segurar a filha de 2 anos no colo
No ano passado, 18 pessoas receberam coração novo no Distrito Federal. O número é o dobro do registrado em 2011, que tinha a melhor marca até então. Foram realizadas, ainda, 34 cirurgias hepáticas, procedimento que não era feito desde 2007
 
» GIZELLA RODRIGUES
 
A filha mais nova de José Wilton Silva Rocha Júnior tem 2 anos, mas nunca ganhou colo do pai, que, há três anos, foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada, um mal que faz o coração aumentar de tamanho e pode matar. Com o agravamento da doença, Wilton, 29, vivia sem fôlego, com dificuldade para andar e sem poder fazer nenhum esforço físico. Em 15 de dezembro do ano passado, ele se submeteu a um transplante e se recupera no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Ainda não há previsão para o rapaz receber alta, mas Wilton já sabe a primeira coisa que fará quando chegar em casa. Vai segurar Ester Lorrane em seus braços.
 
Wilton foi uma das 18 pessoas que receberam um novo coração no Distrito Federal no ano passado. O número é o dobro do de pacientes transplantados em 2011 e representa o recorde de procedimentos feitos em um ano pelo Instituto de Cardiologia, o único hospital da capital com uma equipe conveniada pelo Ministério da Saúde para realizar a cirurgia. O ICDF também fechou 2012 com outro bom resultado. Foram realizados 34 transplantes de fígado, procedimento que não era feito no DF desde 2007.
 
O DF tinha uma equipe para fazer transplante hepático, mas ela foi descredenciada pelo Ministério da Saúde em 2007 e, durante cinco anos, a Secretaria de Saúde foi obrigada a arcar com os custos de tratamentos de pacientes do DF em outros estados. Em 2011, representantes da pasta procuraram o Instituto de Cardiologia para que a unidade de saúde montasse um programa de transplante que reduzisse os gastos do governo com tratamentos fora de domicílio. A equipe foi habilitada no fim daquele ano e a primeira operação aconteceu em janeiro de 2012. "Todos os 34 transplantes realizados ocorreram com sucesso, com 100% de sobrevida dos pacientes", afirma a diretora médica do ICDF, Núbia Vieira.
 
Parceria
 
De acordo com a médica, o crescimento no número de transplantes de coração se deve a dois fatores principalmente: a melhoria do trabalho da Central de Captação de Órgãos dentro dos hospitais do DF, que aumentou o diagnóstico de morte cerebral e a identificação de possíveis doadores, e uma parceria entre o Ministério da Saúde e as Forças Armadas, que ampliou os mecanismos de busca de órgãos em outras unidades da Federação. "Antes, tínhamos dificuldade para conseguir transporte aéreo para os órgãos e para a equipe médica. Em determinados horários, não há voos entre alguns locais do país e as companhias aéreas não podem mudar esses horários. Agora, um avião da FAB faz o transporte quando necessário", explica Núbia.
 
Para realizar um transplante, os médicos correm contra o tempo, por isso o traslado rápido é fundamental para o sucesso do procedimento. Depois de retirado de uma pessoa com morte encefálica, um coração precisa ser colocado no paciente em até quatro horas. O fígado permanece em condições para o transplante até 12 horas depois, mas o ideal é que a cirurgia seja realizada em até seis horas. A chegada de órgãos de outros estados foi responsável por metade dos transplantes de coração realizados em 2012.
 
O coração que deu vida nova a José Wilton, por exemplo, veio de um homem que morava no Acre. Como os demais transplantados, o rapaz não sabe mais informações sobre o doador, mas agradece a oportunidade que ganhou. "No primeiro dia depois que eu acordei, senti vida dentro de mim quando eu respirei e o ar entrou e saiu do meu peito", conta. A sensação era desconhecida para ele nos últimos dois anos, quando a doença se agravou e tarefas simples como caminhar e tomar banho eram impossíveis para ele. "Eu não conseguia caminhar, meus pés inchavam, eu ficava cansado. Precisava de ajuda até para tomar banho. Tive que parar de trabalhar, não podia fazer nenhum exercício."
 
Moradora de Aparecida de Goiânia, Débora Soares da Rocha, 28 anos, recebeu, em outubro do ano passado, o coração de um brasiliense da mesma idade dela. "Eu tinha vontade de conhecer a família dele para agradecer o que fez por mim", diz. Débora tinha Doença de Chagas, mal que não tem cura, e se tratou por três anos com remédios paliativos até chegar ao quadro de insuficiência cardíaca. "Eu sentia falta de ar, tontura, fraqueza nas pernas. Agora, me sinto muito melhor", conta a moça, que, em fase de recuperação, se consulta no ICDF a cada 15 dias.
 
Incapacidade
 
O termo miocardiopatia dilatada indica um grupo de doenças cardíacas nas quais os ventrículos dilatam, sendo incapazes de bombear um volume de sangue suficiente para suprir as necessidades metabólicas do organismo. No Brasil e em outros países da América Latina, o comprometimento cardíaco pela doença de Chagas é uma das principais causas de miocardiopatia dilatada. Alguns problemas hormonais crônicos, como o diabetes, a obesidade mórbida e os distúrbios da glândula tireoide também podem causar miocardiopatia dilatada.
 
Coração novo
 
Número de transplantes do órgão realizados no DF: 2012 18 2011 9 2010 3 2009 7 2008* 2 2007* 3 *Quando o hospital ainda era administrado pela Fundação Zerbini e se chamava Incor-DF
 
Fonte: Correio Braziliense


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