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Dengue deixa o país em alerta

08 de abril de 2013
 
Brasil já contabiliza 630 mil notificações da enfermidade só neste ano. Mosquito transmissor, o Aedes aegypti é minúsculo, mas, quando contaminado, derruba muita gente. Para quem foi infectado, especialistas indicam repouso e hidratação
 
Sara Lira
 
Belo Horizonte - O mosquito mede aproximadamente cinco milímetros, mas os efeitos de sua picada podem ser devastadores, inclusive levar a pessoa à morte. O Aedes aegypti, transmissor da dengue, tem deixado muita gente em estado de alerta. O último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde (MS), na quarta-feira, mostra que, entre 1º de janeiro e 23 de março, as secretarias municipais de saúde notificaram 635 mil casos da doença, sendo 1.243 graves e 108 mortes. Se comparado o mesmo período de 2012, houve um aumento de quase quatro vezes: no ano passado, foram registrados 167.279 casos da doença no Brasil. Minas Gerais lidera o ranking disparado das unidades da Federação.
 
Segundo o ministério, são 133 mil, e 37 mortes, mas a Secretaria de Estado de Saúde divulgou na quinta-feira um número já maior de notificações: 165 mil. O estado está à frente de São Paulo, que tem 93,9 mil registros; Goiás, com 84,13 mil e Mato Grosso do Sul, com 73,8 mil notificações. O Distrito Federal conta com 2.604 notificações até agora, mas o número é considerado alto: cinco vezes maior que os 477 casos do ano passado. A primeira epidemia documentada no Brasil, segundo o MS, foi em Boa Vista (RR), nos idos de 1981 e 1982, com os sorotipos DEN-1 e DEN-4. Atualmente, quatro sorotipos de vírus da dengue circulam no Brasil, sendo que o DEN-4 não era registrado havia cerca de 30 anos, por isso muitas pessoas não têm imunidade contra ele. Essa é uma das hipóteses, inclusive, para o aumento de notificações da doença. Nas duas últimas décadas, segundo dados do governo federal, o país registrou quatro grandes epidemias de dengue: em 1998, com prevalência do sorotipo 1; em 2002, com prevalência do sorotipo 3; em 2008, quando houve predominância do DEN-2; e em 2010, quando o DEN-1 se destacou.
 
De acordo com a pesquisadora e professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Erna Kroon, ainda não há estudos que mostrem a diferença de sintomas para cada tipo de vírus da dengue. "Os diagnósticos sempre foram feitos como dengue. Eles se assemelham, têm diferenças, mas não há essa especificação catalogada", afirma. "Ao picar o ser humano, o mosquito injeta o vírus no sangue e vai para as células. Infectadas, essas estruturas levam o vírus para o restante do corpo", completa Erna. Depois de ser infectado pelo mosquito, o indivíduo leva de quatro a cinco dias para começar a apresentar os sintomas. No caso da dengue clássica, são febre alta e súbita (a temperatura sobe de forma rápida), dor retro-orbital (no fundo dos olhos), mal-estar geral, falta de apetite e náuseas. Hemorrágica No caso da dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, os principais sintomas são sangramentos em locais como gengivas e nariz, ou até mesmo nas fezes e na urina, além de dor abdominal.
 
"Nessa forma da dengue, o mecanismo de coagulação do sangue sofre uma alteração e, por isso, acontecem hemorragias, que podem ser leves ou até mesmo um extravasamento de líquidos para fora dos vasos. Esse líquido vai fazer falta na corrente sanguínea e, quando há desequilíbrio, a pessoa pode ter uma redução de pressão no sangue", explica Erna. A pesquisadora diz que os sintomas são uma forma de o organismo tentar se livrar do vírus. "Em boa parte dos casos, os sintomas não são por causa do vírus, mas sim uma resposta a ele. O vírus infecta, e o organismo tem que se defender. Para isso, produz proteínas para eliminá-lo, mas, em excesso, elas causam esses sintomas", acrescenta. O publicitário Vinícius do Vale, de 25 anos, sabe bem o que é sentir cada um desses sintomas. Diagnosticado no mês passado com dengue clássica, ele conta que foi a segunda pessoa a ter a doença no local em que trabalha.
 
O motivo mais provável, segundo ele, seria a caixa d'água da empresa que estaria destampada. "Quem notou a presença das larvas na caixa foi a moça da limpeza. Ela abriu a torneira para encher um balde e viu que, com a água, caíram umas 15 larvas", relata. O publicitário começou a sentir dores pelo corpo, fraqueza, febre e queimação atrás dos olhos. Ao conversar com um colega que havia tido a doença, percebeu que os sintomas eram os mesmos. "Fui ao médico e ele fez o exame de sangue, que constatou a dengue. Fiquei cinco dias em casa e sempre no meu quarto. Não tinha chance de sair, porque até a luminosidade me incomodava muito por causa da dor nos olhos", conta. Conheça de perto este vilão Um dos maiores mitos entorno do mosquito é de que todos os insetos da espécie Aedes são transmissores da dengue. De acordo com Luciano Andrade, pesquisador do Setor de Malária da Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz-MG), os mosquitos não nascem com dengue.
 
"Apenas as fêmeas que transmitem o vírus e, em média, um em cada mil mosquitos estão infectados", diz. Cerca de 70% dos casos da doença no Brasil se concentram no período de chuvas, entre janeiro e maio, com exceção das regiões Norte e Nordeste, nas quais as chuvas começam mais tardiamente e se estendem até julho. No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, o país tem condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito durante todo o ano. O grande problema é que o Aedes aegypti adapta-se facilmente às mudanças climáticas, e a fêmea põe ovos em locais com água e sombra, diferentemente de outras espécies, que escolhem um único local. Além disso, o ovo do mosquito da dengue pode sobreviver até um ano sem contato com a água. O inseto contrai o vírus ao picar um ser humano com a doença. Esse vírus leva de 10 a 15 dias para se desenvolver no organismo do mosquito, vai para o estômago dele e depois para as glândulas salivares.
 
Nessa fase, o bicho já é um transmissor. "Há esse tempo de incubação (de 10 a 15 dias). Se ele picar alguém doente e logo depois picar outra pessoa, ele ainda não vai transmitir a doença", explica o pesquisador. De acordo com Andrade, há ainda a hipótese genética de a fêmea passar o vírus para os filhotes. "Mas não há nada confirmado cientificamente." Segundo o pesquisador da Fiocruz, as principais características do Aedes aegypti são as patas listradas e uma figura nas costas semelhante a uma lira (instrumento musical). Ele tende a ficar perto do ambiente onde tem abrigo, alimento e proteção - água limpa e parada, onde deposita os ovos. Qualquer reservatório pode ser um local em potencial para a reprodução do Aedes: desde os tradicionais pratinhos de planta, passando pelos vasilhames de água de animais, a uma tampinha de garrafa que esteja acumulando água. A fase ovo dura cerca de duas semanas.
 
Quando nasce, a larva sobrevive por cerca de uma semana até se tornar adulta na fase mosquito. "Ele costuma ter uma vida útil de cerca de 30 dias", acrescenta Andrade. O inseto não voa muito alto. Ainda assim, quem mora em andares superiores de prédios não está livre do problema. "Ele pode voar para longe em corrente de ar, caso haja um vento forte. Mas essa dispersão é muito baixa. O mosquito também pode subir pelo elevador com as pessoas", afirma. CUIDE DE SUA SAÚDE Veja como se cuidar em caso de estar com a doença, já ter tido um episódio de dengue ou não ter sido contaminado: Alimentação -Como qualquer infecção viral, a dengue causa desidratação. E, para repor essa perda no organismo, o ideal é que o paciente abuse dos líquidos. Nesse caso, praticamente não há restrição: água, sucos, bebidas isotônicas, água de coco e soro caseiro são os mais indicados.
 
-A pessoa deve evitar ingerir bebidas com lactose e muito açúcar, pois podem causar diarreia e piorar o quadro de desidratação. -O paciente com dengue pode continuar se alimentando normalmente. Mas muitos têm falta de apetite. Para esses, o ideal é manter a hidratação e comer alimentos mais leves, como sopas ou papas para manter o organismo nutrido. -Em alguns casos, o paciente desidrata muito. Assim, é necessário que ele passe por hidratação via soro, mas só o médico poderá avaliar se há necessidade desse tratamento. Repouso -Caso os sintomas estejam fortes, com fortes dores pelo corpo, de cabeça ou fadiga em excesso, o ideal é que o indivíduo mantenha repouso absoluto. -Em casos leves, em que os sintomas são mais brandos, pode-se até continuar as atividades normais. Muitas pessoas têm o vírus da dengue, mas sequer apresentam os sintomas. Medicamentos -O tratamento é feito basicamente com analgésicos e antitérmicos.
 
Os mais indicados são dipirona e paracetamol. -Em hipótese alguma, o paciente deve tomar remédios cujo princípio ativo seja o ácido acetilsalicílico e também os anti-inflamatórios. A explicação é que eles aumentam o risco de hemorragia, pois diminuem a coagulação normal do sangue. -Não existe um antiviral que mate o vírus da dengue. JÁ TIVE DENGUE -Em caso de reincidência da doença, os sintomas podem ser os mesmos. -O ideal é buscar atendimento médico o mais rápido possível. Quanto antes a avaliação ocorrer, menor a chance de a pessoa ter a doença agravada. -Ao contrário do que se pensa, a segunda incidência da doença não será obrigatoriamente hemorrágica. É fato que um paciente com dengue pela segunda vez tem mais chances de apresentar essa forma mais grave da doença, mas a maioria apresenta sintomas de dengue clássica. A intensidade dos sintomas vai depender do tipo de vírus, da capacidade de defesa do organismo e da idade do paciente.
 
Indivíduos com problemas de saúde crônicos, muito novos ou muito idosos, têm maior probabilidade de apresentar a dengue hemorrágica. NÃO ESTOU COM DENGUE Cuidados -Manter casa e quintal sempre limpos, livres de qualquer foco do mosquito. -Eliminar possíveis criadouros, como tampinhas de garrafa, caixas d'água destampadas, pratinhos de vasos de planta (nesse caso, o ideal é colocar areia na base), ou qualquer lugar que possa acumular água. Repelentes naturais -Receitas caseiras, como citronela ou cravo da índia misturado com álcool e óleo, não têm eficácia comprovada cientificamente. -Algumas (principalmente a citronela) podem ser usadas como forma paliativa. Isso porque o cheiro exalado por esses materiais pode "distrair" o mosquito, que encontra o ser humano pelo odor. Com o cheiro forte dos repelentes naturais, o mosquito pode dispersar, mas esse efeito é temporário.
 
Repelentes industriais -Podem ter eficácia maior. Não se pode abusar deles. Por serem produtos químicos podem causar irritações ou alergias. Inseticidas industriais -Podem trazer mais malefícios do que benefícios. Inseticidas de lata podem selecionar populações de mosquitos mais resistentes e não fazerem tanto efeito mais.
 
Fonte: Correio Braziliense


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