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Mercado rejeita deficientes

08 de maio de 2013
 
Cegos e cadeirantes enfrentam as maiores barreiras para conseguir um emprego. Estudo da Codeplan mostra que as empresas reagem negativamente para evitar gastos com adaptação às necessidades dos profissionais que têm anomalias congênitas ou adquiridas
 
» GIZELLA RODRIGUES
 
Há quatro anos, Cristiana Lau da Costa, 33 anos, trocou o município pernambucano de Sertânia pela capital federal em busca de crescimento profissional. Formada em letras, ela não conseguia encontrar trabalho na cidade natal por ser cega. Em Brasília, distribuiu currículos por várias empresas e chegou a ficar um ano desempregada. Após muita batalha, foi contratada como telefonista no Serviço Nacional da Indústria (Senai), em Taguatinga, há três anos. Ela acha que pode ir mais longe. Decidi atirar para todos os lados, porque não queria ficar em casa recebendo benefício. Mas quero mesmo é fazer concurso da Secretaria de Educação para me tornar professora efetiva. Estou estudando para isso.
 
Assim como Cristiana, pessoas com deficiência no Distrito Federal encontram dificuldades de entrar no mercado formal de trabalho. Do total de trabalhadores do DF cadastrados em 2010 no Ministério do Trabalho, menos de um por cento (0,7%) tinha alguma deficiência e estava inserido no mercado formal. Desses poucos, 53,19% eram deficientes físicos; 23,33%, auditivos; e 11,11%, visuais. Além de não conseguir emprego, essa população recebe baixos salários. Mais da metade dela (51,52%) ganha de um e meio a dois salários mínimos um percentual maior do que o dos trabalhadores sem deficiência (45,64%). Em todas as outras faixas de remuneração, os salários das pessoas com deficiência são menores do que os das pessoas sem deficiência.
 
Os dados estão no estudo Perfil das pessoas com deficiência no DF, divulgado ontem pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Os técnicos da companhia fizeram uma radiografia da população com algum tipo de deficiência da capital. O trabalho foi elaborado para subsidiar o governo na formulação políticas públicas. A construção de elevadores que facilitem o acesso de cadeirantes, escrita em Braille, sinalização no chão para deficientes visuais e utilização de Libras em serviços públicos são algumas das ações eficientes que ajudam na inclusão , explicou a Jamila Zgiet, coordenadora da pesquisa.
 
De acordo com a Codeplan, existem 573.805 pessoas com deficiência ou 22,33% da população do DF. A maioria delas é mulher, e a deficiência mais comum é a visual, que atinge 63,17%. Segundo a Codeplan, a maior parte das pessoas adquiriram a deficiência ao longo da vida, por causa de doenças, acidentes ou violência. A maioria dos deficientes (57,21%) tem entre 30 e 64 anos. Em 2010, apenas 0,75% dos nascidos vivos no DF tinham alguma anomalia congênita. A cidade com maior concentração de pessoas com necessidades especiais é o Gama (27,20%), seguida do Riacho Fundo II (25,54%) e de Samambaia (24,52%).
 
Para encontrar trabalho, quem mais sofre são os deficientes totais, como os cegos e os cadeirantes. As empresas não querem gastar dinheiro e acham que vão ter que fazer muita adaptação se contratarem um cego. Daí, para cumprir a cota estabelecida por lei, elas querem pessoas com problemas na mão ou no braço , conta Cristiana. O maior obstáculo é o preconceito. Deficientes visuais lidam bem com computador, por exemplo, caso se mantenham atualizados. Basta um software gratuito que leia o texto da tela , afirma César Achkar Magalhães, presidente da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais. O deslocamento de fato é um problema. Como não podemos dirigir, temos que usar o transporte público. Os ônibus são ruins para todo mundo, imagine para a gente , completa.
 
A pesquisa também mostrou que o acesso à educação é um dos fatores mais afetados pela deficiência. Na idade escolar, a diferença é pequena entre os que frequentam a escola, se forem comparadas as pessoas com e sem dificuldades. Um percentual de 97,78% de crianças deficientes entre 10 e 14 anos estava matriculado na escola, contra 94,44% das que não tinham nenhum problema. Porém, o grau de escolaridade é bem menor entre o grupo de deficientes com 15 anos ou mais: 40,95% são sem instrução ou têm o ensino fundamental incompleto. No restante da população, esse índice é de R$ 23,38%.
 
Conceito das Nações Unidas
 
A Codeplan utilizou o conceito da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o qual pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, as quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.
 
Fonte: Correio Braziliense


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