O domínio de grandes grupos multinacionais sobre o mercado de sementes no Brasil está em debate na manhã desta quinta-feira (8) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária. Por requerimento da senadora Ana Amélia (PP-RS), foram convidados especialistas e produtores rurais para apresentar aos senadores da CRA uma análise sobre os impactos da concentração da oferta de sementes sobre a produção de grãos no país.
O tradicional uso de sementes próprias nas lavouras, quando o agricultor utiliza no plantio grãos produzidos por ele em safra anterior, foi perdendo espaço com a disseminação de cultivares geneticamente modificadas. Apesar de mais produtiva, a nova tecnologia não permite que os grãos de uma safra sejam usados como sementes, por serem estéreis ou resultarem em plantas pouco produtivas, obrigando o produtor a comprar novas sementes todos os anos.
Atuam nesse mercado de sementes modificadas órgãos de pesquisa, como a Embrapa e os institutos estaduais, empresas nacionais e grandes grupos multinacionais. A tendência de crescimento desses últimos no mercado de sementes, inclusive com a aquisição de empresas brasileiras, foi o que motivou a senadora Ana Amélia a propor o debate.
A preocupação é que a falta de concorrência eleve os preços, inviabilizando a continuidade de plantios principalmente de culturas com alto valor agregado, por serem muito utilizadas pela indústria, como é o caso do milho e da soja.
Participam do debate o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antonio Lopes; e representantes dos seguintes órgãos, entidades e empresas: Conselho Administrativo de Defesa Econômica de Administração (CADE), Pedro Lira; da Monsanto do Brasil, Márcio Santos; da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré; da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Décio Lauri Siebi; e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Eduardo Santos.