23 de outubro de 2014
NBOMe, droga sintética achada no corpo de jovem morto em SP, já matou por overdose nos EUA
DANDARA TlNOCO
Gatilho para alterações de percepção e vendido em pequenos papéis sublinguais, o NBOM e substância sintética usada por jovem encontrado morto na USP mês passado - vem sendo comercializado como LSD. E, segundo o líder de um grupo que o estuda nos EUA, está se espalhando pelo mundo. Seus efeitos, no entanto, ainda são pouco conhecidos, e se sabe que o composto é mais barato e mais tóxico que o ácido lisérgico dietilamida, da qual se diferenciam também pelo gosto amargo e por dormência provocada na língua.
Semana passada, a droga foi identificada por laudo do IML de São Paulo no corpo do estudante Victor Hugo Santos, achado na raia olímpica da USP três dias depois de desaparecer de uma festa no campus. A morte do jovem ocorreu sete meses depois de a Anvisa incluir 11 variações do NBOMe na lista de drogas proibidas no Brasil.
Cientista que estudou a substância na Purdue University, em Indiana (EUA), o farmacologista e químico David Nichols explica que os NBOMe, sintetizados pela primeira vez em 2003, ativam um receptor cerebral da serotonina chamado 5-HT2A. O professor afirma que, por ser potente e fabricada com materiais baratos, a droga é lucrativa para traficantes, por isso ganha o mundo "rapidamente".
- Infelizmente, quase nada se sabe sobre sua ação no organismo. Este é um grande vácuo que precisa ser preenchido por estudos toxicológicos, mas até agora nada foi publicado - acrescenta Nichols. - Várias pessoas nos Estados Unidos morreram de overdose por NBOMe.
No Brasil, Fernando Beserra professor de psicologia do Instituto Superior de Educação do Rio e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos, tem se dedicado estudar a substância. Ele argumenta que o composto tem ma 1 riscos físicos que o LSD, cujos ricos são mais psicológicos. Para psicólogo, outras recentes mortes de jovens - como a do intercambista alemão Jakob Steir metz, morto semana passada ei Dha Solteira (SP) - podem esta relacionadas à droga.
- Com nosso modelo proibicionista e sem políticas de redução de danos, os usuários n; dispõe de testes para identificar as substâncias. - critica.
Fonte: Folha de S. Paulo