Governo informou que fez contato com laboratórios interessados em produzir o remédio
Especialistas se reuniram ontem para avaliar a suspensão das vendas no Brasil de uma droga contra a leucemia linfoide aguda - doença que atinge cerca de 3.000 pessoas por ano e é a principal causa da leucemia da infância.
A fabricação do Elspar (l-asparaginase) foi suspensa pelo seu fabricante estrangeiro. Como era a única marca desse princípios ativo com registro no país, os médicos começaram a se preocupar com a possível falta do produto -já relatada em alguns locais.
"Diferentemente do que foi declarado pelo laboratório que comercializa o remédio no Brasil, a droga já está em falta em diversos serviços do país", diz nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.
A Bagó, que vende o produto no país, afirma ter estoque para mais seis meses.
Na nota, os médicos pedem que as principais entidades da área participem de discussões e decisões sobre as medidas emergenciais tomadas pelo Ministério da Saúde.
Pedem, ainda, que o acesso às drogas importadas emergencialmente seja universal (incluindo pacientes de planos de saúde), que as marcas compradas sejam de fabricantes conhecidos e que o governo arque com o custo adicional das drogas usadas sob caráter emergencial.
A eventual falta da asparaginase é vista por especialistas como "uma tragédia".
"Seria retroceder 15 anos. A asparaginase é ímpar e insubstituível", diz Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini.
O Ministério da Saúde informou que teve contato com três laboratórios interessados em produzir o medicamento no Brasil (pelo menos um público e um privado). E informou que terá uma reunião hoje com a Bagó para detalhar as causas do problema.
Segundo Cláudio Galvão de Castro Junior, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, as drogas que utilizam a asparaginase são altamente eficazes, mas, por serem baratas e terem nicho de mercado pequeno, estão deixando de ser produzidas pelos laboratórios.