A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu ontem a importação, a distribuição, a comercialização, a divulgação e o uso em todo país do medicamento Anastrol 1mg, indicado para tratamento de câncer de mama, registrado pelo laboratório Libra do Brasil. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de ontem. Segundo o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, a empresa não mantinha boas práticas de fabricação da droga.
Na resolução, a autarquia esclarece que a não renovação do registro do remédio se deu por problemas relacionados à constância e à reprodutibilidade do processo de fabricação . Isso significa que a fórmula do medicamento não segue um padrão confiável.
O oncologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília Alessandro Leal explica que o remédio proibido é similar do Arimidex, do laboratório AstraZeneca. Ambos têm a substância anastrozol como princípio ativo. Significa dizer que (o produto vetado) não é o medicamento de marca nem o genérico reconhecido pelo Ministério da Saúde. Ou seja, não há testes de bioequivalência e não se sabe se (o Anastrol) tinha o mesmo grau de eficácia dos demais , esclarece.
Segundo ele, o remédio é amplamente indicado para as pacientes com câncer de mama. A maioria dos 50 mil novos casos estimados por ano é tratada com bloqueio hormonal, e o anastrozol é uma das quatro substâncias usadas no tratamento. O impacto é muito grande. Enquanto o remédio de marca custa em torno de R$ 600, o similar sai por aproximadamente R$ 100 , avalia.
O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia, Anderson Silvestrini, acrescenta que o anastrazol é indicado para tratamento do câncer em vários estágios da doença e que tem melhores resultados em mulheres qua já entraram na menopausa. O Correio tentou entrar em contato com o laboratório responsável pela produção do Anastrol, mas a empresa não obteve retorno.