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Estado de corrupção consentida

Estamos em época de “descobertas” daquilo que sempre existiu em pequena e grande escala. As pessoas de “fora” tínhamos certeza disto e de que muitos o operavam, o que não se tinham eram provas. Rastros não se deixam, ou, se ficam, são sutis. Provas materiais são difíceis no campo da corrupção, onde os agentes não são neófitos nem inexperientes. A corrupção e seus caixas múltiplos está presente no mundo, desde os primórdios. No público-político e no privado-empresarial, em países sub ou desenvolvidos. A corrupção faz parte da humanidade e é muito típica de nosso país pela história, cultura e jeito de sermos. A esperança de mudança vem de países que já se educaram e reduziram a quase zero a corrupção, pública e privada. A corrupção nossa, de cada dia, passa pelas melhores cabeças da sociedade, pelas classes alta, média e baixa. Cada um a seu modo. No possível a seu ambiente. O que esteja a seu alcance, no seu horizonte. No limite de seus interesses e necessidades. Pode-se citar uma infindável série da qual poucos escapam: trafegar influência; dar um jeitinho; furar e ajudar a furar fila; comprar sem pedir notas, dispensando-as, magnaninamente, como sinal de status; declarar o imposto de renda com grandes a pequenos deslizes; comprar material e equipamento importado sem nota; oferecer e comprar os serviços profissionais com preço a menor se não se emitir recibo ou nota (quanto é? com recibo ou sem?); comprar músicas,joguinhos ou programas piratas; descumprir carga horária contratual de trabalho ou cumpri-la sem ou com baixíssima produtividade; desviar medicamentos, exames, preferencialmente para parentes, amigos, vizinhos, eleitores; etc. etc. Todos estes e muitos mais são atos de corrupção. Uns pequenos, inofensivos, de baixo dano ao coletivo e outros de grande magnitude lesando cidadãos e até ceifando vidas e muitas, como a corrupção na saúde, tão presente todo o sempre. Esta primeira constatação não pretende justificar a corrupção de ninguém. Explica mas não diminui o erro nem justifica o injustificável de nenhum político, nenhum funcionário público, nenhum patrão ou empregado privado. Depois de viver, analisar e sofrer este momento de Brasil podemos tirar algumas conclusões:

A corrupção existe no público e no privado. O público trabalha com 37% do PIB brasileiro. O privado trabalha com os 63% restantes do PIB oficial (1,75 trilhões de reais) e com 100% do PIB do caixa dois que, segundo especialistas, varia entre 0,6 a 1 trilhão de reais.
Não existe corrupção no público que não precise se associar ao privado para acontecer. O privado, além de se locupletar com a corrupção pública, pode praticar corrupção em duas vezes o montante do público! E todos sabemos que é praticada!

O ato de corromper e ser corrompido é pessoal (pessoa física) e intransferível. São única e exclusivamente de responsabilidade das pessoas, mesmo que estejam defendendo interesses de uma Pessoa Jurídica. Mas, de outro lado, as pessoas jurídicas só se vivificam e personalizam nas pessoas físicas que as operam. E, que podem ser corruptas.

A corrupção ligada aos partidos políticos e governo não é apanágio do partido A ou B, mas da quase totalidade deles, como a mídia vem mostrando, mais claramente nas últimas décadas.

Os que acusam, cobertos de direito e razão, sabem muito bem que a acusação, a gozação, o aparente furor por justiça não faz de muitos deles mais honestos do que não são, nem nunca foram. Nem por isso devem ser desencorajados a denunciar e criticar.
Utilizar o tema corrupção para propagar e incentivar qualquer outro sentimento na sociedade (como o de antiesquerda ou antidireita) é tentar iludir pessoas apenas com fatos, ainda que reais, selecionados no momento, esquecendo-se de práticas iguais ou piores sempre presentes e condenáveis. Jamais umas justificarão as outras.

Também não é pelo fato de ser corrupto, no pequeno e no grande, no individual e no coletivo, que invalida críticas e protesto contra os corruptos. Tudo deve levar a diminuir o estado de corrupção.

A corrupção é sempre corrupção, crime e erro. Existem, porém, os agravantes em relação a sua quantidade (volume e intensidade) e qualidade (objeto da corrupção). Destaco a gravidade da corrupção privada que lesa investidores, consumidores, trabalhadores e governos; a corrupção pública dos governos envolvendo principalmente a área social como saúde, educação, criança, mulher, idoso, bolsa alimentação, programas de combate à pobreza, medicamentos, exames, internações etc. Poderíamos fazer a listagem à exaustão, mas, o importante é aprender com o erro que começa pelo seu reconhecimento. Este momento tem que ser pensado profundamente por todos nós seres humanos, cidadãos e políticos. Partir do reconhecimento do estado de corrupção consentida em que a sociedade brasileira vive. Reconhecer a corrupção à qual estamos aderidos, que habita o nosso mundo. Identificar os pequenos, médios e grandes atos de corrupção direta e indireta. Usar todos os meios para combatê-la e reduzi - la com tolerância zero. Um bom começo seria escolher melhor aqueles que nos representam politicamente e que têm a obrigação de defender, a nós todos, da exploração pública e privada. Escolher melhor e cobrar permanentemente: vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, presidente. O caminho pode ter sido denunciando a corrupção nos outros... Mas este despertar tem que modificar as questões do dia a dia: nossas vidas, nossa profissão, nosso bairro, nossa cidade, nosso estado, nosso Brasil e nosso Mundo. Caminhemos.



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